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Síria estará no topo da agenda da Assembleia da ONU

19:26 | 18/09/2012
São Paulo, 18/09/2012 - A presidente Dilma Rousseff abrirá o Debate Geral da 67ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, na próxima terça-feira, como tradicionalmente faz o representante do Brasil, e a guerra civil na Síria poderá estar entre os temas a serem abordados por ela. O fracasso dos líderes globais em pôr fim à escalada de violência sob o regime de Bashar Assad deverá estar no centro dos debates do encontro, que começou hoje sob a presidência do ministro de Relações Exteriores da Sérvia, Vuk Jeremic. A ausência de uma solução para o conflito poderá fortalecer o argumento brasileiro de que é preciso aumentar o número de membros permanentes no Conselho de Segurança.

Dilma viaja para Nova York no domingo (23) e discursará na terça-feira (25). O discurso, ainda sendo finalizado pelo Itamaraty, deverá refletir os principais aspectos de atuação da política externa brasileira. No mesmo dia, a presidente irá se reunir com o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon. No ano passado, em seu primeiro discurso na Assembleia da ONU como presidente do Brasil, Dilma disse representar todas as mulheres, falou sobre a crise econômica internacional, pediu por reformas no Conselho de Segurança e ressaltou o papel global do Brasil. Para Guilherme Casarões, professor de relações internacionais da Faculdade Rio Branco, o discurso do representante brasileiro na ONU geralmente pauta as discussões que ocorrem ao longo dos dias seguintes da assembleia.

O Conselho de Segurança tem sido criticado por sua falta de habilidade para resolver a guerra civil na Síria. Durante a 66º Assembleia Geral, Dilma afirmou que "a cada ano que passa, fica mais necessário resolver a falta de representatividade do Conselho, que mina sua credibilidade e efetividade." Consultado, o Itamaraty afirmou que o processo de reformas ficou "aquém do esperado", para desapontamento da diplomacia brasileira. O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, disse em entrevista ao Estado que as potências "não estão fazendo sua parte" para resolver o conflito sírio, indicando que Dilma poderá tocar no assunto novamente no discurso da próxima semana.

Em discurso na cerimônia que abre os trabalhos da ONU, na noite de segunda-feira (17), Ban Ki Moon afirmou que "conflitos continuam a clamar vidas de inocentes desde a Síria até a África Central até o Afeganistão. Em todas as regiões comunidades enfrentam dificuldades econômicas e incerteza política". Mas, continuou, "eu acredito que podemos enfrentar o desafio - e eu sei que vocês acreditam nisso também", afirmou ele segundo a agência de notícias da ONU.

O outro tema polêmico é a questão nuclear iraniana. Israel vem alertando que o Irã armado com uma bomba atômica é uma ameaça contra sua própria existência, e que pode fazer um ataque preventivo para impedir que isso aconteça. É esperado que o presidente Barack Obama e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu reúnam-se durante a Assembleia para discutir a questão.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, irá discursar na quarta-feira (26). Ele insiste que o programa nuclear de seu país tem fins pacíficos. No dia seguinte, será a vez de o líder israelense discursar, na quinta-feira (27).

Negociações

Diversas reuniões de bastidores ocorrerão entre os mais de 130 chefes de Estado e diplomatas que chegarão a Nova York nos próximos dias, incluindo um encontro ministerial dos cinco integrantes com poder de veto no Conselho de Segurança.

O início da Assembleia Geral é quando acontecem as discussões que definem as prioridades da agenda da ONU para o os próximos 12 meses. "A Assembleia vai pautar as ações futuras da ONU", explica Casarões, da Faculdade Rio Branco. Há reuniões de diversos comitês sobre temas específicos, e entre os assuntos que serão discutidos neste ano estão desenvolvimento sustentável, promoção de direitos humanos e desarmamento.

O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, afirmou que "a Síria vai estar no topo da agenda, ou próxima dele, de todas as principais reuniões bilaterais". Os Estados Unidos, Reino Unido e França vêm tentando impor sanções contra o regime de Assad, mas a Rússia - principal protetor do governo de Damasco - e a China exigem que a mesma pressão seja aplicada sobre os rebeldes e afirmam que o verdadeiro objetivo do Ocidente é derrubar o governo, o que pode trazer ainda mais instabilidade para a região. Moscou e Pequim vetaram três resoluções contra Assad, a última em julho, que incluía a ameaça de sanções não militares.

Muitos diplomatas, contudo, não esperam avanços na questão. O embaixador da França na ONU, Gerard Araud, afirmou na segunda-feira que o Conselho "nunca esteve tão paralisado desde o fim da Guerra Fria". Os chamados "Amigos da Síria", grupo que inclui países que apoiam a instalação de um governo democrático na Síria, também se reunirão no dia 28, em sessão a ser liderada pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. (Guilherme Amorim, com informações da Associated Press - guilherme.amorim@estadao.com)

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