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Oposição síria pede fim pacífico do regime Assad

14:55 | 23/09/2012
Sob autorização do governo, oposição reúne-se em Damasco e apela para um cessar-fogo e pelo início da transição democrática. Tropas rebeldes transferem comando do exílio na Turquia para território sírio.

Durante um encontro extraordinário neste domingo (23/09) em Damasco, integrantes de grupos que fazem oposição interna ao regime sírio pediram um fim pacífico ao governo do presidente Bashar al-Assad, após 18 meses de violentos confrontos com grupos rebeldes. A reunião foi organizada por um dos principais grupos de oposição da Síria, o Comitê Nacional de Coordenação para Mudança Democrática.

O encontro foi autorizado pelas autoridades sírias, apesar da prisão de diversos opositores nos últimos dias e das acusações por parte das forças rebeldes de que este seria um falso sinal de que Assad estaria buscando uma solução política para a crise no país. Participaram ainda representantes da Rússia e do Irã, aliados do presidente sírio.

Rajaa Nasser, um dos organizadores da Conferência de Salvação da Síria, pediu "o fim imediato dos tiroteios, dos bombardeios brutais e bárbaros, uma trégua e uma pausa para os combatentes". Uma trégua, segundo ele, "poderia abrir caminho para um processo político, que garantiria uma mudança política radical, o fim do regime atual e uma democracia séria e autêntica".

Segundo ativistas, 27 mil pessoas morreram na Síria desde o início dos protestos, em março do ano passado. Relutantes em realizar uma intervenção militar, os países ocidentais vêm tentando pressionar Assad a deixar o poder. No entanto, a ONU não tem conseguido implementar sanções mais duras contra o governo em Damasco devido aos constantes vetos da Rússia e da China no Conselho de Segurança.

Membros da oposição interna, incluindo críticos declarados de Assad que passaram anos na cadeira, disseram que Moscou e Pequim prometeram intervir junto ao governo para garantir proteção aos opositores durante a convenção deste domingo. Oito membros do Comitê da Mudança Democrática, no entanto, foram detidos por forças sírias na semana passada.

Mesma moeda

Combatentes rebeldes e integrantes do Conselho Nacional Sírio, grupo de oposição que defende a revolução armada, acusam o Conselho de Mudança Democrática de muita passividade. "Esta não é a verdadeira oposição na Síria. Eles são apenas o outro lado da mesma moeda", acusou um porta-voz dos rebeldes do Exército pela Libertação da Síria (ELS).

Neste sábado, o grupo anunciou que transferiu seu comando central do exílio na Turquia para a Síria. Com isso, pretende tornar as forças contrárias às tropas do governo mais efetivas. O comandante rebelde Riad al-Assad estaria movimentando suas tropas em áreas sob o controle dos rebeldes no norte sírio pela primeira vez. O movimento é simbolicamente importante, pois reflete a grande confiança do ELS em sua liderança e mostra as perdas de controle por parte de Assad em grandes áreas de Aleppo e na província Idlib.

União internacional

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, reiterou neste domingo suas expectativas de que a comunidade internacional "não se cale" diante da assustadora violência na Síria durante a Assembléia Geral da ONU, que começa nesta terça-feira.

"Espero que a comunidade internacional envie um claro sinal de fim da violência e início de um novo começo na Síria", afirmou Westerwelle, após encontro com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

A Alemanha preside o Conselho de Segurança da ONU até o fim deste mês. O ministro voltou a pedir que Rússia e China finalmente abram caminho a procedimentos que pressionem Assad a ordenar um cessar-fogo.

MSB/rtr/dapd/dpa

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