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Filme anti-Islã e caricaturas de Maomé provocam protestos e mortes mundo afora

16:08 | 21/09/2012
Após polêmico vídeo norte-americano, imagens satirizando profeta muçulmano publicadas na França contribuem para tumultos. Manifestações deixam mortos no Paquistão. França proíbe protestos e Obama tenta acalmar ânimos.

Dezenas de milhares de muçulmanos protestaram contra o filme norte-americano anti-Islã Innocence of Muslims nesta sexta-feira (21/09). No Paquistão, tumultos deixaram vários mortos. Caricaturas do profeta Maomé publicadas na França contribuíram para exaltar os ânimos e levaram o governo a proibir protestos contra as charges no país.

"Não haverá exceções. Manifestações serão banidas", declarou o ministro do interior francês. Manuel Valls, nesta sexta-feira. Assim, foram vetados protestos planejados para este sábado contra as caricaturas de sátira a Maomé publicadas pelo semanário de humor Charlie Hebdo nesta quarta-feira.

Por precaução, o governo francês também ordenara que embaixadas, escolas e centros culturais franceses fossem fechados nesta sexta-feira em uma série de países.

No Paquistão, pelo menos 12 pessoas morreram e 80 ficaram feridas em protestos em Karachi, no sul do país, informou a polícia. Outras quatro morreram em tumultos na cidade de Peshawar, ao norte, entre eles o funcionário de uma emissora de televisão. Na capital, Islamabad, centenas de muçulmanos romperam bloqueios ao redor do bairro do governo.

Em Lahore, no leste do país, manifestantes travaram conflitos com forças de segurança nas imediações do consulado norte-americano. O ministro paquistanês do Interior, Rehman Malik, declarou que o exército estava preparado para intervir.

Situação paquistanesa

Enquanto isso, os EUA esforçam-se para acalmar os ânimos. Em um vídeo transmitido por sete emissoras de TV paquistanesas, o presidente Barack Obama e a secretária de Estado, Hillary Clinton, distanciaram-se do filme anti-islâmico. O governo norte-americano pagou mais de 50 mil euros pelo espaço na programação.

Os EUA são um país que aceita todas as crenças religiosas, garantiu Obama. Clinton ressaltou que o governo não tem nenhuma ligação com o vídeo. A produção do filme baseia-se na "decisão sem tato de um indivíduo para atiçar o ódio", completou o embaixador dos EUA em Islamabad.

Para Raja Pervez, primeiro-ministro do Paquistão, o vídeo que denigre a imagem de Maomé é "o pior tipo de fanatismo" que existe. Ao mesmo tempo, o premiê pediu que a comunidade internacional encontrasse maneiras de proibir manifestações que "atiçam o ódio".

Reações mundo afora

Protestos também ocorreram em outros países, incluindo Índia, Malásia, Egito, Afeganistão, Líbano e Iêmen. Em Marrocos, cerca de 200 pessoas protestaram nesta sexta-feira na capital Rabat, gritando "Abaixo o Ocidente" e "Morte a Obama". Nesta quinta-feira, o embaixador da França no país, classificou as caricaturas publicadas pela Charlie Hebdo como uma provocação e pediu que os muçulmanos não caíssem na armadilha.

Cerca de uma centena de muçulmanos reuniu-se diante da embaixada francesa em Londres nesta sexta-feira. Os manifestantes gritavam slogans contra o semanário francês e exibiam cartazes com dizeres como "os muçulmanos vão conquistar a França".

Na Tunísia, assim como na França, o governo de liderança islâmica proibiu protestos contra as imagens debochando do profeta. Quatro pessoas morreram e cerca de 30 ficaram feridas na última semana, quando a embaixada dos EUA foi atacada em protesto ao filme anti-Islã.

Na Alemanha, os primeiros protestos contra o polêmico filme dos EUA correram de forma pacífica nesta sexta-feira. A maior manifestação ocorreu em Freiburg, no sul do país, com a participação de cerca de mil pessoas. Cartazes traziam palavras como "Não à liberdade de insulto" e "Nosso profeta Maomé é tabu".

Segundo informações da Organização das Nações Unidas (ONU), a violência provocada pelo filme resultou em cerca de 30 mortes no mundo até o momento. "Tanto o filme quanto as caricaturas são deliberadamente provocativas", declarou Rupert Colville, porta-voz da alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay.

LPF/dpa/rtr/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer

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