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Chile lembra golpe e tribunal encerra caso Allende

17:27 | 11/09/2012
A Corte de Apelações de Santiago, capital do Chile, confirmou nesta terça-feira o fim da investigação judicial sobre a morte do presidente chileno Salvador Allende, ocorrida durante o golpe militar de 11 de setembro de 1973. O tribunal validou a conclusão de que o presidente suicidou-se para evitar cair nas mãos dos golpistas liderados pelo general Augusto Pinochet. Esta terça-feira também marcou o aniversário de 39 anos do golpe militar no Chile, sempre uma data polêmica e quando ocorrem manifestações em Santiago e nas principais cidades.

Ocorreram tumultos em alguns subúrbios e confrontos com a polícia na madrugada de hoje em Santiago e no município de San Bernardo, vizinho à capital, onde um grupo tentou atacar uma delegacia de polícia. Pela manhã, um grupo ocupou uma escola e interrompeu o trânsito em uma importante avenida de Santiago. A polícia acabou com o protesto e deteve dez manifestantes.

No domingo, um vigília lembrou os três mil mortos políticos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Várias universidades suspenderam as aulas nesta terça-feira, com medo da ação de grupos radicais. O ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, disse que também aconteceram manifestações nas cidades do interior.

Durante a manhã de hoje, grupos de esquerda realizaram homenagens no monumento a Allende, erguido em frente ao palácio La Moneda. Entre os grupos que homenagearam o falecido mandatário estava uma delegação do Partido Socialista do Chile. A filha do ex-presidente, a senadora Isabel Allende, também compareceu ao local em homenagem ao pai.

Lorena Pizarro, presidente do grupo de familiares dos desaparecidos políticos no Chile, disse que apesar do golpe de 1973 ter acontecido há quase quatro décadas, não se pode falar de um encerramento nos processos por violações contra os direitos humanos. "A memória é fundamental para que todos tenhamos consciência de que isso nunca mais pode ocorrer. Quem violou os direitos humanos não pode morrer na impunidade", disse.

De forma unânime, a Corte de Apelações de Santiago manteve a resolução de uma instância menor que deu por encerrada a investigação sobre a morte de Allende, na qual foram realizadas perícias forenses e uma nova autópsia.

Allende decidiu tirar a própria vida com uma submetralhadora dada de presente por seu amigo Fidel Castro durante a invasão do palácio do governo, o La Moneda. Pinochet, por sua vez, morreu em 2006 sem ter sido condenado pelos crimes cometidos durante sua ditadura, nem mesmo pelas acusações de enriquecimento ilícito.

As informações são da Associated Press.

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