Oposição síria acusa iranianos capturados de espionagem
A mídia estatal da Síria disse que o governo lançou ataques em Alepo contra combatentes turcos e do Catar, deixando "vários" mortos. O governo sírio acusa a Turquia e o Catar de terrorismo.
Neste final de semana, pelo menos 260 pessoas foram mortas na Síria, grande parte nos combates entre insurgentes e tropas do governo, informou o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, grupo da oposição sediado em Londres. A maioria foi morta em confrontos nos subúrbios de Damasco e em Alepo, mas também em vilarejos ao redor do país.
Também no domingo os rebeldes exibiram um vídeo que mostra 48 iranianos capturados e acusados de espionagem pela oposição.
Uma voz no vídeo, que narra a situação, alerta que todos os iranianos na Síria serão "capturados ou mortos". O Irã afirma há meses que não enviou tropas nem policiais para ajudar seu aliado, o presidente sírio Bashar Assad, a esmagar a insurgência. Mas países vizinhos como Turquia, Arábia Saudita e Catar acusam Teerã de apoiar o regime sírio com armas, dinheiro e homens.
Mais tarde neste domingo, o Irã chegou a pedir ajuda aos governos da Turquia e do Catar, para que assegurem a libertação dos 48 iranianos capturados neste final de semana em Damasco pelos rebeldes. O ônibus que transportava os iranianos foi interceptado pelos insurgentes no sábado, de acordo com a mídia iraniana. A televisão estatal do Irã descreveu os 48 como peregrinos xiitas, que queriam visitar um santuário xiita em Damasco.
"Nós recebemos a informação sobre os iranianos e começamos a vigiá-los há dois meses", disse o capitão Abdel Nasser al-Shumais, comandante de um batalhão de insurgentes chamado Brigada Al-Baraa.
Astronauta sírio foge - O primeiro cidadão sírio a ir para o espaço, Mohammad Ahmad Faris, fugiu neste domingo para a Turquia e juntou-se às forças opositoras que lutam contra o regime do presidente Bashar Assad, na mais recente das deserções de figuras importantes do país. A informação foi divulgada pela agência de notícias estatal turca Anatólia.
Faris, de 61 anos, cruzou a fronteira com a Turquia após chegar ao quartel-general do Exército Livre da Síria (ELS) em Alepo, ter se reunido com comandantes rebeldes no local e declarar sua solidariedade ao grupo rebelde, disse a agência Anatólia.
"Estamos com vocês, com nossas vidas e nosso sangue", disse Faris aos colegas do ELS, segundo a Anatólia. A agência disse que foi a quarta tentativa de Faris de desertar e que as três anteriores falharam. Não foram divulgados detalhes de sua fuga ou a fonte das informações.
Faris se junta, dessa forma, a uma série de figuras importantes - dentre elas altos oficiais do Exército - que abandonaram o regime de Assad desde o início do levante, em março de 2011. No mês passado, o general brigadeiro Manaf Tlass, velho amigo e confidente de Assad, tornou-se o primeiro integrante do círculo interno do presidente a desertar, medida considerada um triunfo pela oposição. Em julho, um integrante do Parlamento sírio também deixou o país.
Faris, que é piloto da Força Aérea, fez parte de uma missão espacial soviética composta por três integrantes em 1987 e se tornou o primeiro sírio a ir para o espaço, disse a Anatólia. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.