Extremistas destroem patrimônio cultural em Mali
A facção islâmica Ansar Dine (Protetores da Fé) assumiu o controle de Tibuktu na semana passada, após expulsar o grupo rebelde Tuareg que invadiu o nordeste de Mali há três meses. No fim de semana, homens gritando "Allah Akbar" atacaram o cemitério que abriga os santos sufi da cidade, e sistematicamente começaram a destruir as tumbas mais famosas.
O porta-voz da facção afirmou que o grupo não reconhece as Nações Unidas ou o tribunal internacional, em conversa por telefone. "A única corte que reconhecemos é o tribunal divino da Sharia", disse o representante do Ansar
Dine, Oumar Ould Hamaha. "A destruição é uma ordem divina."
O chefe do Projeto Manuscritos de Timbuktu da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, afirma que o vandalismo em Mali é análogo à demolição de estatuas de Buda realizadas pelo Taleban no Afeganistão. Para Shamil Jeppie a interpretação wahabbi do Islã que o Ansar Dine defende é um visão estreita da religião, em contraste com o que ele afirma ser uma história de conhecimento islâmico. "Timbuktu foi um centro de conhecimento islâmico. Mas o Ansar Dine ignora isso. Para eles, existe apenas um livro, o Corão. Todo esse conhecimento não tem importância para eles", afirmou o estudioso.
A Unesco pediu o fim imediato da destruição das tumbas sagradas, bem como o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, em comunicado emitido nesta segunda-feira.
"Estamos presenciado a destruição de gerações e gerações de cultura", disse Michael Covitt, presidente da Fundação dos Manuscritos Malineses, sediada em Nova Iorque. "É uma afronta para o mundo inteiro." As informações são da Associated Press.