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Estudante que filmou colega gay com webcam pega 30 dias de prisão

17:39 | 21/05/2012
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NOVA YORK, 21 Mai 2012 (AFP) - Um imigrante indiano universitário acusado de filmar ilegalmente seu colega de quarto gay com uma webcam recebeu uma grande chance nesta segunda-feira quando o juiz o condenou a apenas 30 dias atrás das grades, e não a 10 anos, como era possível.

Dharun Ravi, que compartilhou as imagens da webcam com amigos do seu dormitório na Rutgers University em Nova Jersey, também enfrentava uma possível deportação, mas o juiz disse que não recomendaria isso.

O caso gerou um debate nacional sobre o cyber bullying e os ataques a gays quando o colega de quarto de 18 anos, aparentemente perturbado, em parte pelo constrangimento da divulgação de seu encontro sexual gay, cometeu suicídio dias depois. Ravi, agora com 20, não foi acusado pela morte dele.

Antes da leve sentença, o juiz Glenn Berman de New Brunswick, Nova Jersey, fez um duro discurso a Ravi.

Ravi demonstrou uma "colossal insensibilidade" quando filmou Tyler Clementi em setembro 2010, disse Berman em comentários transmitidos ao vivo pela TruTv.

"Eu ouvi esse júri dizer ‘culpado' 288 vezes - 24 perguntas, 12 jurados," disse Berman. "Não ouvi você pedir desculpas uma só vez."

Berman disse que Ravi nunca conseguirá "expurgar a conduta ou a dor que causou."

O júri considerou Ravi culpado de invasão de privacidade, preconceito com os gays e de tentar impedir as investigações ao deletar ou adulterar mensagens de texto e tweets que ele havia enviado.

Seu advogado argumentou que Ravi era culpado apenas por uma brincadeira que deu errado ao filmar seu colega de quarto Clementi beijando um homem, por ter enviado tweets aos amigos sobre o que viu e por tê-los convidado para assistir a um vídeo ao vivo pela webcam.

Apesar de os promotores pintarem Ravi como um valentão mesquinho, Berman observou várias vezes que o jovem imigrante não era acusado de causar a morte de Clementi - uma tragédia que chamou a atenção para o que poderia ter sido um caso de pouca repercussão.

Em um discurso emocionado antes da sentença, a mãe de Ravi lembrou como ele chegou aos Estados Unidos com apenas duas malas e "muitas esperanças." O filho dela, disse, tinha sido um aluno dedicado que "não guardava ódio a ninguém em seu coração."

"Pelo que meu filho Dharun está passando, não há palavras para explicar. O sorriso e o brilho nos olhos dele se foram," disse ela.

Dirigindo-se à família de Clementi, ela disse, "é muito triste que ele tenha escolhido por fim à vida. Meu coração está com sua família."

Quando a inesperada sentença foi proferida, Ravi pareceu não reagir imediatamente, olhando atordoado e perto das lágrimas, como esteve durante a audiência.

Um grupo de defesa dos direitos dos gays de Nova Jersey, Garden State Equality, elogiou a abordagem branda do juiz, dizendo que a pena máxima seria "uma vingança além da punição e de uma mensagem para o restante da sociedade."

Um mês na prisão foi o correto, indicou o grupo, que, no entanto, acrescentou: "esta não é uma brincadeira de criança que deu errado. Este não foi um crime despido de preconceito."

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