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AFP - Otan analisa em Chicago retirada militar do Afeganistão

A Otan prevê entregar às forças afegãs o comando das operações contra os talibãs em 2013, antes da retirada completa da tropas da Aliança Atlântica do Afeganistão, em 2014

06:03 | 21/05/2012

CHICAGO, EUA, 20 Mai 2012 (AFP) - A cúpula extraordinária da Otan que definirá o fim da intervenção militar internacional no Afeganistão começou na tarde deste domingo, em Chicago, com a presença de mais de 50 líderes do planeta.

A reunião é assistida pelo presidente afegão, Hamid Karzai, e pelo líder paquistanês, Asik Ali Zardari, que tem um papel-chave para garantir a luta contra os talibãs.

Logo no início, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, garantiu que a Otan "vai assegurar uma transição para que as forças afegãs assumam a segurança até o final de 2014", como previsto há dois anos.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anfitrião da cúpula, destacou que o mundo apoia a estratégia para acabar com a guerra no Afeganistão, mas advertiu que haverá dias difíceis no futuro.

Obama, que se reuniu com Hamid Karzai em Chicago, revelou que os Estados Unidos reconhecem "as dificuldades" que o Afeganistão enfrenta, agregando que o povo afegão "quer desesperadamente paz e segurança".

O líder americano estimou que a cúpula de Chicago servirá para ratificar o amplo consenso entre seus aliados sobre a transição para a entrega do controle da segurança ao Exército afegão, após mais de uma década de guerra.

"O que reflete esta cúpula da Otan é que o mundo está apoiando a estratégia que traçamos". "Agora, nosso trabalho consiste em implementá-la de forma efetiva e acredito que podemos fazê-lo, em parte devido à tremenda fortaleza e persistência do povo afegão".

A Otan prevê entregar às forças afegãs o comando das operações contra os talibãs em 2013, antes da retirada completa da tropas da Aliança Atlântica do Afeganistão, em 2014.
Obama assinalou ainda que a cúpula é dedicada a traçar uma visão para a etapa posterior a 2014, em sintonia com os últimos acordos estratégicos entre Washington e Cabul.

Karzai declarou que é importante completar a transição da segurança para que seu país deixe de ser uma "carga" para a comunidade internacional.
O presidente afegão disse que "espera o fim da guerra e uma década de transformação na qual o Afeganistão continuará trabalhando para fortalecer suas instituições e desenvolver um governo efetivo para o país".
O comandante das tropas internacionais no Afeganistão, general John Allen, garantiu que uma retirada antecipada das forças francesas não debilitará a segurança no território afegão.
O general Allen, chefe da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF), explicou que a Otan espera uma decisão final do novo governo francês, e que a França terá a "oportunidade" de ajudar no esforço bélico de outras formas.
Allen garantiu que não ocorrerá uma "degradação da segurança se o presidente francês, François Hollande, seguir em frente com sua decisão de retirar os 3.500 militares da França no território afegão.
Sobre a crise na Síria, Anders Rasmussen revelou que a Otan está "muito preocupada com a situação", mas "não prevê" uma opção militar.
O secretário-geral da Otan reafirmou o apoio da organização ao plano de paz do emissário da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, que entrou em vigor no dia 12 de abril e cuja principal medida, um cessar-fogo, é violada de maneira cotidiana.
"A melhor maneira de se encontrar uma solução para a Síria é o plano Annan", declarou.
O líderes da Otan aproveitaram a cúpula para declarar operacional a primeira fase do escudo antimísseis destinado a proteger a Europa de potenciais ataques do Oriente Médio.
"A defesa contra estes mísseis é indispensável. Enfrentamos ameaças reais", afirmou Rasmussen ao anunciar a primeira das quatro etapas para se criar um sistema completo, baseado em tecnologia americana, até 2018-2020.

O escudo terá um radar de grande potência na Anatólia turca, mísseis SM-3 instalados em fragatas Aegis no Mediterrâneo e interceptores em terra na Polônia e Romênia. Toda a estrutura ficará sob o controle da base de Ramstein, na Alemanha.

Os protestos contra a cúpula neste domingo transcorreram sem maiores incidentes, com cerca de 2 mil pessoas ocupando as ruas de Chicago.

A principal manifestação foi pacífica, como ficou acertado entre os grupos e a polícia de Chicago para se evitar os confrontos registrados nas reuniões do G20 em Londres e Toronto.
A polícia montou um cordão de isolamento em torno dos manifestantes, além de um esquema de vigilância especial para impedir sua aproximação dos hotéis onde estão hospedados os líderes políticos.

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