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AFP - Ativista chinês deixa embaixada dos EUA após acordo com Pequim

09:53 | 02/05/2012
PEQUIM, 2 Mai 2012 (AFP) - O ativista chinês Chen Guancheng deixou nesta quarta-feira a embaixada dos Estados Unidos, onde buscou proteção depois de fugir da prisão domiciliar, após um acordo com Pequim sobre sua segurança, informaram autoridades americanas. O acordo, anunciado horas após a chegada da secretária americana de Estado, Hillary Clinton, à China para reuniões anuais importantes, atesta que a China dará ao ativista mundialmente famoso garantias de que ele e sua família poderão viver uma vida normal, segundo as autoridades dos Estados Unidos. Chen, que irritou as autoridades chinesas ao criticar abortos forçados e esterilizações sob a política do filho único, fugiu de sua prisão domiciliar no dia 22 de abril e buscou refúgio na embaixada americana, onde exigiu garantias de sua liberdade. Em um vídeo divulgado e endereçado ao primeiro-ministro Wen Jiabao após sua fuga dramática, o ativista cego afirmou que ele, sua esposa e seu filho sofreram diversos abusos pelas mãos de funcionários locais em sua cidade no norte da China. Hillary, que no passado criticou por diversas vezes o tratamento dado pela China ao ativista de 40 anos, disse que os Estados Unidos permaneciam comprometidos com este caso. "Sr. Chen tem uma série de entendimentos com o governo chinês sobre seu futuro, incluindo a oportunidade de buscar o ensino superior em um ambiente seguro. Tornar estes compromissos uma realidade é a próxima tarefa fundamental", disse. "O governo dos Estados Unidos e o povo americano estão comprometidos a continuar engajados com o Sr. Chen e com sua família nos próximos dias, semanas e anos". O comunicado de Hillary marca as primeiras observações substantivas feitas por um funcionário americano sobre Chen depois de completo silêncio desde que ele escapou de forma dramática de sua prisão domiciliar e se refugiou na embaixada dos Estados Unidos. Autoridades americanas disseram que Chen nunca pediu para ir aos Estados Unidos, e, pelo contrário, quer viver e trabalhar na China junto com sua família. Qualquer novo abuso contra Chen poderia ser um pesadelo político para o governo do presidente Barack Obama, que enfrentou pedidos para mostrar seu comprometimento em proteger os direitos humanos na China. O caso de Chen ameaçou ofuscar o encontro anual entre líderes das duas maiores economias do mundo sobre temas chave, que vão do lançamento de um foguete pela Coreia do Norte à Síria. O caso provocou uma reação raivosa de Pequim, que nesta quarta-feira exigiu que os Estados Unidos se desculpem pelo que chamou de interferência em seus assuntos. "A China está muito infeliz com isso. A ação dos Estados Unidos é uma interferência nos problemas internos da China e a China não pode aceitar isso", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Liu Weimin. "A China exige que os Estados Unidos se desculpem e investiguem cuidadosamente este incidente, lidem com as pessoas que são responsáveis e garantam que este tipo de incidentes não ocorram novamente", disse. Um funcionário americano disse que isso não se repetiria, mas não quis comentar o pedido de desculpas exigido pela China. A fuga de Chen ocorreu apesar da vigilância constante ao redor de sua casa na província de Shandong, no leste do país, onde ele alegou que sofreu, com sua família, graves espancamentos depois de cumprir uma pena de prisão de quatro anos em 2010. No vídeo divulgado após sua fuga, ele apelou para Wen punir muitas autoridades locais que, segundo ele, tornaram a vida de sua família miserável. Antes do caso Chen, Washington esperava mostrar pequenos sinais de progresso nas relações com a China no Strategic and Economic Dialogue, que também inclui o secretário americano do Tesouro Timothy Geithner. Em grande parte em resposta à pressão inflacionária, a China deixou que seu iuan se valorizasse. As taxas de câmbio têm sido há tempos uma fonte de atrito, com legisladores americanos acusando Pequim de manter o valor de seu iuan artificialmente baixo para inundar o mundo com exportações baratas. Em outros pontos delicados, a China reduziu nas últimas semanas as importações de petróleo do Irã, se posicionou - embora com cautela - contra o lançamento de um foguete pela Coreia do Norte, e apoiou um plano de paz para a Síria depois de se juntar à Rússia no veto de duas resoluções da ONU.

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