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AFP - Vigia acusado de matar jovem negro nos EUA é libertado sob fiança

09:03 | 23/04/2012
WASHINGTON, 23 Abr 2012 (AFP) - O vigia voluntário George Zimmerman foi libertado sob fiança na madrugada desta segunda-feira após pagar 150 mil dólares e agora espera o julgamento acusado do assassinato do adolescente negro Trayvon Martin, informou a imprensa americana. A libertação do acusado de assassinato em segundo grau ocorreu depois que um juiz estabeleceu o valor da fiança em uma audiência sobre o tema na última sexta-feira. Diversas redes de televisão americanas mostraram Zimmerman vestido com uma calça jeans e um casaco marrom deixando a prisão em Sanford, Flórida (sudeste dos Estados Unidos) acompanhado de um homem não identificado. As imagens mostraram os dois homens chegando a um carro e depois partido em direção a um destino desconhecido. Zimmerman disparou contra Martin, de 17 anos, em um incidente registrado em Sanford no dia 26 de fevereiro, quando o jovem caminhava para a casa onde seu pai estava depois de comprar alguns doces. A próxima audiência para apresentar formalmente as acusações contra ele será no dia 29 de maio. Na audiência de sexta-feira, Zimmerman se desculpou perante os pais do adolescente, e a decisão de conceder a fiança "chateou muito" a família Martin, disse seu advogado na saída do tribunal. Zimmerman, de 28 anos, disse "lamento a perda de seu filho" ao prestar seu inesperado testemunho. "Não sabia quantos anos tinha. Pensei que era um pouco mais jovem que eu. Eu não sabia se estava armado ou não", concluiu tranquilo, vestido de terno e gravata, mas algemado. Após mais de um mês de polêmicos debates nos Estados Unidos sobre a discriminação racial que pode prevalecer neste caso, esta foi a primeira audiência para ouvir as partes, sobretudo o acusado, que se manteve por quase dois meses escondido após receber ameaças de morte, segundo ele e sua família. Sua defesa havia pedido uma fiança de 15 mil dólares, e a promotoria, discordando de uma eventual liberdade condicional, pedia uma fiança de 1 milhão de dólares. Na sala de audiências se encontravam na sexta-feira os pais de Trayvon Martin, Sybrina Fulton e Tracy Martin, junto ao seu advogado. Ao ser consultado sobre porque demorou tanto para se desculpar, Zimmerman disse: "Disseram para que não me comunicasse com eles". O advogado de defesa de Zimmerman indicou que o acusado colaborou em todos os momentos com as autoridades. "Ele se entregou voluntariamente e se rendeu perante as autoridades", disse Mark O'Mara. "Está bem estabelecido nesta comunidade", defendeu o advogado, que, como sua família, ressaltou episódios na vida de Zimmerman onde mostrou interesse pela comunidade e por trabalhos sociais. O procurador Bernardo De La Rionda argumentou que o tribunal deveria considerar que Trayvon Martin "não estava cometendo um delito" no momento do crime e insistiu no fato de que o jovem foi tachado de delinquente sem motivos substanciais. A esposa do acusado, Shellie, assim como seus pais, Robert e Gladys Zimmerman, prestaram seu depoimento por telefone. "Nunca foi uma pessoa violenta, a menos que seja provocado", disse o pai em uma de suas declarações, e assegurou que seu filho "foi uma pessoa honesta em toda a sua vida". Este caso desencadeou a ira da comunidade afroamericana - segundo a qual imperou o preconceito racial - e provocou um duro debate em nível nacional ao qual se somaram o presidente Barack Obama e congressistas negros.

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