Réveillon intensifica fluxo de passageiros na Rodoviária João Thomé
A expectativa é atender mais de 52 mil passageiros pelos Terminais Rodoviários da Capital até o dia 1º de janeiro de 2026
13:16 | Dez. 31, 2025
Uma fileira de carros e as pessoas aglomeradas na entrada do Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, em Fortaleza, demonstram que o fluxo de passageiros das viagens de ônibus foi intensificado na manhã desta quarta-feira, 31, devido às celebrações de Réveillon.
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As manhãs de quarta-feira na principal rodoviária da capital cearense, não costumam ser tão movimentadas como na manhã de hoje, 31, segundo o vendedor Vinicius Duarte, 24, que trabalha no local de embarque e desembarque de passageiros há 8 meses.
“Normalmente não é assim. É mais (movimentado) à noite. Por exemplo, num horário desse (9h30min), se não fosse Réveillon, estaria bem vazio”, diz Vinicius.
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Para assegurar a alta demanda de solicitações de reserva das passagens para o Ano Novo, era previsto que as empresas de ônibus oferecessem 273 viagens extras até o dia 1º de janeiro de 2026, conforme a Socicam, administradora da rodoviária João Thomé.
A expectativa da Socicam era atender mais de 52 mil passageiros pelos Terminais Rodoviários de Fortaleza, o que representa um aumento de 1% no total de viajantes, em comparação a 2024.
Embora a proximidade do Ano Novo tenha intensificado a movimentação de passageiros, o desempenho das vendas no final de dezembro curiosamente não superou os resultados obtidos durante as férias de julho na loja onde Vinicius trabalha.
Vinicius sugere que essa estagnação financeira ocorre porque os viajantes tendem a ser mais cautelosos com os gastos no encerramento do ano, priorizando a economia para o mês de janeiro.
“Eu estava esperando uma melhora maior do que no meio do ano. As vendas das férias do meio do ano foram melhores do que agora, já está que no fim do mês. É o fim do mês, todo mundo deve estar se precavendo para janeiro”, comenta.
Os laços afetivos que motivam as viagens no Réveillon
Dentre os viajantes que esperavam o ônibus rumo ao destino final, estava Antônia Lucimar Carvalho, de 68 anos, que vai para o estado do Rio de Janeiro pela primeira vez para reencontrar a filha que não vê há 45 anos.
Ela nasceu em Ipueiras, no Interior do Ceará e mora em Fortaleza, sem lembrar há quanto tempo. Lucimar se emociona ao falar sobre a saudade e a expectativa de rever sua filha após décadas, sem revelar a razão do distanciamento: “o meu coração tá a mil e a saudade… A gente recupera né?”.
A jornada significativa de Lucimar foi marcada pela ansiedade de tornar o reencontro possível e pela paciência com o atraso do transporte, que, até o momento em que foi entrevistada, ainda não havia chegado após quase 30 minutos do horário marcado para o embarque.
“Estamos esperando muito tempo. Estava marcado para às 9 horas. A gente veio cedo. Já era para nós ter saído já”, relata Lucimar, que estava acompanhada de uma criança (neta), e de outra filha adulta, que não quis ser entrevistada. Ela seguirá a viagem apenas com a neta.
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Também motivada pelos laços afetivos, a costureira autônoma Ana Cláudia Lima, de 60 anos, decidiu viajar para celebrar a virada do ano com os amigos de longa data no município de Canindé, no Interior do Ceará.
Ana Cláudia sorri ao narrar a longa tradição de visitar os amigos em Canindé, o que, para ela, simboliza a importância de manter amizades, que se tornam uma família escolhida.
“Estou indo para Canindé, na casa de uns amigos de muitos anos. Não é família, mas são amigos que são como irmãos. Desde os meus 19 anos que eu gosto de ir para essa família", diz.
Depois de décadas mantendo a tradição de comemorar o Ano Novo no Interior, ela observa as transformações sociais na rodoviária de Fortaleza, e acha que houve uma diminuição do fluxo de viajantes no Réveillon no cenário pós-pandemia da Covid-19.
“Estou achando que tem pouca gente aqui na rodoviária. Nos anos anteriores, sempre eu vinha, tinha mais gente. Depois da Covid mudou muita coisa. Muitas pessoas morreram. Muita gente perdeu parente e tudo. Não tem mais motivo para seguir viagem”, completa Ana Cláudia.