Filha denuncia descaso de plano de saúde com o pai em Fortaleza
Em seu relato, Juliana Araújo descreve as dificuldades para que o pai, de 78 anos, receba do Hapvida os antibióticos no horário adequado, após internação por pneumonia
06:00 | Nov. 05, 2025
A demora na administração de antibióticos e a dificuldade em receber medicações essenciais levaram Juliana Araújo, 48, a denunciar o atendimento recebido pelo pai, Raimundo Maciel, 78, durante internação no Hospital Santa Maria, pela rede Hapvida, em Fortaleza.
Ela explica que o pai foi internado na quinta-feira da semana passada, 30 de outubro, por fibrilação atrial, em outra unidade de saúde. No local, após exames constatarem que Raimundo estava com pneumonia, o homem passou alguns dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), antes de ser levado para o Santa Maria.
Os problemas começaram quando, durante o tratamento com antibiótico oral, Juliana constatou que o pai não estaria recebendo a medicação no horário correto, e que os exames agora apontavam uma infecção maior.
“Minha filha veio um dia e quando foi às 10 da manhã ele tinha que tomar o primeiro antibiótico”, inicia Juliana. “Eu liguei para ela, e disse: ‘Filha, fica de olho aí que 10 horas ele tem um antibiótico’. E ela me ligou, perto do meio-dia (12 horas), e disse: ‘Mãe, até agora não deram antibiótico nenhum pro vovô’”.
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Quando se deslocou até o hospital, Juliana afirma que tentou falar com os funcionários sobre a situação, mas ninguém lhe deu atenção. Após se exaltar, médicos chegaram com o antibiótico prescrito, por volta de 12h20min, e ressaltaram que não aconteceria novamente.
A dose seguinte de antibiótico, que seria no período da tarde, atrasou novamente. “Cheguei aqui (no hospital), mas não tinha o antibiótico. Fora que a farmácia não entregou o remédio dele, que é para afinar o sangue, que ele toma todos os dias. Então, meu pai passou uma noite sem tomar essa medicação”, explica.
No domingo, 2, notando que Raimundo não melhorava, a filha decidiu tentar conversar com algum médico ou responsável do hospital. Foi informada pelos funcionários que “não tinha ninguém, nenhum médico de plantão” para atendê-la, o que aumentou seu desconforto.
Devido aos atrasos, o antibiótico do pai foi alterado, recomeçando o tratamento — “Foi quando novamente não deram antibiótico”. Na segunda-feira, 3, mais uma alteração de antibióticos foi feita.
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Filha de paciente voltou a contatar O POVO na segunda-feira, 3
Na noite do mesmo dia, 3 de novembro, Juliana voltou a contatar O POVO. Na ocasião, descreveu que uma médica havia prescrito um xarope para Raimundo, para tomar três vezes ao dia, mas o pai sequer recebeu a primeira dose.
“Meu pai começou a piorar da tosse e eu fui lá saber: ‘Olha, não tem nenhum xarope que passaram para ele?’. E falaram: ‘Não tem nenhum xarope aqui, não’”, recorda.
Ela conversou com a médica, que confirmou a prescrição do medicamento e a conduziu até a recepção. Com a informação da profissional de saúde, Raimundo recebeu o xarope — “Ficaram totalmente sem saber o que dizer. E aí a técnica (de enfermagem) correu, foi buscar o remédio”.
Em nota à imprensa, o hospital informou que são realizados "todos os procedimentos necessários para a recuperação do paciente, que apresenta quadro clínico estável". A unidade de saúde também reforçou que a equipe assistencial e a Diretoria de Acolhimento permanecem em contato constante com a familia do paciente, oferecendo todas as orientações necessárias.
"A unidade conta, de maneira ininterrupta, com equipes médicas e de enfermagem de plantão, seguindo protocolos rigorosos de qualidade assistencial, sempre pautado pelo respeito à vida e pela ética. Essa realidade também pode ser comprovada nos relatórios da rotina da unidade aos pacientes", completa.
Veja nota do hospital na íntegra:
Com compromisso e segurança no atendimento, o hospital informa que são realizados todos os procedimentos necessários para a recuperação do paciente, que apresenta quadro clínico estável.
Reforça que a equipe assistencial e a Diretoria de Acolhimento permanecem em contato constante com a familia do paciente, oferecendo todas as orientações necessárias, e mantém-se à disposição para garantir todo o suporte à continuidade do cuidado. A unidade conta, de maneira ininterrupta, com equipes médicas e de enfermagem de plantão, seguindo protocolos rigorosos de qualidade assistencial, sempre pautado pelo respeito à vida e pela ética. Essa realidade também pode ser comprovada nos relatórios da rotina da unidade aos pacientes.
A operadora reforça a seriedade com que conduz o trabalho diário, seguindo com rigor, acolhimento e transparência as diretrizes médicas de tratamentos.