Entregador espancado por cliente em condomínio no Meireles relata desespero

Vítima de 50 anos de idade fazia entregas de bicicleta e foi encurralado em área do condomínio. Ele segue internado no IJF e deve passar cirurgia após ter ossos do rosto fraturados

23:27 | Ago. 12, 2025

Por: Jéssika Sisnando
Entregador sofreu ferimentos na cabeça e rosto após agressão de cliente no bairro Meireles, em Fortaleza (foto: Reprodução/Leitor Via WhatsApp O POVO)

O entregador Alex Costa Rodrigues, de 50 anos, segue internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, e deve passar por uma cirurgia após uma fratura no rosto.

O trabalhador foi espancado por um cliente ao realizar uma entrega por aplicativo em condomínio no bairro Meireles, no domingo passado, 10. O cliente teria iniciado as agressões devido um problema na forma de pagamento. 

O homem de 50 anos teria sido encurralado no espaço destinado aos entregadores, entre a área da entrada do condomínio e o acesso a rua, que estava fechada. Ele tentou pular a grade, mas a estrutura tinha cerca elétrica. De acordo com ele, além de ferimentos pela cabeça, hematomas pelo corpo, o osso do rosto foi fraturado e será necessário passar pelo procedimento cirúrgico.

O trabalhador concedeu entrevista ao O POVO. Mesmo internado, ele conversou por telefone com a equipe de reportagem e detalhou o caso. Alex trabalhava com entregas de bicicleta e, naquele dia, chegava com medicamentos e foi recebido pelo cliente no vão entre a saída e o condomínio.

Conforme o relato da vítima, a farmácia em questão não aceitava pagamentos via PIX ou dinheiro em espécie, apenas cartão de crédito. No momento do pagamento, o cliente queria pagar de outras formas, mas foi alertado pelo entregador que não seria possível.

"Ele não acreditou em mim e perguntou como pode a farmácia não aceitar dinheiro ou PIX. Ele partiu para insultos, violência, socos, foi horrível, levei uma sequência de socos. Era um homem forte, feroz", relata. "O pessoal dos condomínio saiu nas sacadas gritando para ele parar e as pessoas paravam no carro buzinavam, mas ele só parou quando a Polícia chegou. São várias escoriações pelo corpo, quebrou minha cabeça em várias partes". 

O trabalhador descreve que as pessoas passavam pelo local e buzinavam pedindo que o homem cessasse com as agressões, os moradores gritavam dos seus apartamentos, mas ninguém ousou intervir no espancamento.

No momento da chegada da Polícia Militar, a vítima foi levada ao hospital pelos agentes de segurança, mas o morador subiu para o apartamento e não foi detido. O relato é do trabalhador agredido. 

"Estou melhor, cheguei ruim, não conseguia andar, tossia e colocava para fora bolas de sangue. Os exames mostraram que tem uma lesão e que o osso quebrou e meu rosto foi para dentro do crânio. É uma cirurgia simples, mas vou ter que ser entubado e receber anestesia geral", afirma. 

Alex começou a trabalhar com entregas durante a pandemia do Covid-19. Desde então ele utiliza a bicicleta como meio de trabalho.

Vítima é do Maranhão, não tem familiares em Fortaleza e recebe ajuda da categoria

Ele é de São Luís, no Maranhão, e não tem familiares em Fortaleza. Descreve que a categoria dos entregadores por aplicativo está preocupada em protegê-lo e também realizaram doações em PIX, pois ele ficará sem trabalhar durante o período de recuperação.

"Quero que ele se retrate, se tem problemas procure ajuda, nada exime ele do crime que ele cometeu, meu desejo é que ele venha a ressarcir o prejuízo financeiro, eu fiquei encurralado, não tinha para onde correr. A gente tem que buscar a paz sempre na vida, a luz de Deus, amar uns aos outros e é isso que eu quero, nesse momento quero minha saúde de volta", descreve.

Depois da chegada da Polícia Militar, o entregador afirma que os agentes de segurança o socorreram ao IJF, onde ele foi atendido e segue internado.  O POVO questionou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre a situação e aguarda resposta. 

Entregadores se reuniram na frente do condomínio localizado no bairro Meireles, em Fortaleza, onde o episódio de violência foi registrado. Eles realizaram um buzinasso e alguns deles quebraram o portão de entrada principal. 

Em nota enviada anteriormente, a SSPDS informou que o caso é investigado pelo 2º Distrito Policial, que é responsável pela área.