Rede de apoio entre empreendedoras fortalece negócios e vínculos em Fortaleza

Encontro gratuito no Parque do Cocó destacou a importância do apoio mútuo entre mulheres que empreendem e buscam espaço no mercado.

14:39 | Jul. 26, 2025

Por: Wilnan Custódio
FORTALEZA,CEARÁ, BRASIL,26-07-2025: A Simbólyca realiza o encontro gratuito de ioga, estratégia e afeto para mulheres empreendedoras no Parque do Cocó. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (foto: Samuel Setubal)

Uma manhã de ioga ao ar livre no Parque do Cocó, em Fortaleza, serviu de cenário para algo mais profundo do que uma simples atividade física.

O encontro promovido pelo Clube Planeja & Age, na manhã deste sábado 26, reuniu mulheres empreendedoras para discutir temas como posicionamento de marca e atendimento ao cliente. Entretanto, o evento foi um lembrete do quanto o apoio entre mulheres pode ser transformador.

Criado por Sãmila Braga, jornalista e empreendedora à frente da Mandala Comunicação e da sua submarca Simbólica, o clube surgiu em 2025 com a proposta de ser um espaço gratuito, colaborativo e presencial.

“A gente vive numa sociedade patriarcal. Ser mulher e empreender é muito mais difícil. Aqui a gente consegue discutir questões estruturais, mas com ferramentas práticas para que elas consigam implementar no negócio delas”, afirma Samila.

O ciclo atual do clube se chama “A marca que habita” e busca ajudar mulheres a enxergarem seus negócios como extensões de sua própria identidade.

A cada mês, um tema diferente é abordado, e as participantes acumulam aprendizados — e carimbos — em um passaporte simbólico. A ideia é criar uma jornada de fortalecimento contínuo.

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Durante o encontro deste sábado, uma aula de ioga guiada por Renata Portilho abriu o dia. Renata, além de professora de ioga, também é empreendedora e participa do clube. Para ela, a experiência tem sido marcante. “A gente se vê na outra mulher. Quando você se conecta com a sua essência, com seu propósito, isso impacta diretamente na forma como você empreende”, avalia.

Mais do que aprender técnicas de branding, o clube também oferece algo que falta a muitas empreendedoras: companhia. “Empreender é muito solitário. Quando você encontra outras mulheres, se fortalece. Os desafios que você pensa ser só seus, outras também vivem”, comenta Samila.

A educadora parental Joice Luz concorda. Presente no clube desde janeiro, ela relata que as trocas têm ajudado a enfrentar o isolamento que o empreendedorismo pode trazer. “Aqui a gente compartilha desafios e potencialidades. A gente aprende a se nutrir além da nossa história individual”, afirma.

Já a jornalista Adriana Paiva, que atua com comunicação e marketing, viu na mentoria e na troca de experiências uma oportunidade de reencontro consigo mesma. “Eu queria fazer tudo e acabava exausta. A mentoria me ajudou a entender que meu foco é relações públicas. Isso me deu direção e trouxe novos clientes”, explica.

Para Julia Alves, 26 anos, a participante mais jovem do grupo, o contato com mulheres mais experientes foi essencial para aliviar a ansiedade de quem acaba de ingressar no mercado. “Ver outras trajetórias me ajudou a desacelerar e entender que está tudo bem não ter todas as respostas agora”, compartilha. Julia, que é arquiteta e faz sua segunda graduação em contabilidade, encontrou no grupo a validação que precisava para seguir suas múltiplas paixões.

O clube não exige vínculo fixo. A cada edição, novas participantes se somam. Atualmente, cerca de 60 mulheres fazem parte do grupo de WhatsApp que organiza os encontros. Em média, 20 a 25 participam presencialmente a cada mês. A próxima edição está prevista para a última sexta-feira de agosto e será facilitada pela própria Samila, com foco em identidade visual.

Ao final do encontro, trocas de contatos, sorrisos e mimos simbolizam algo que vai além da estratégia de negócio: a construção de uma rede de apoio baseada na escuta, no acolhimento e na coragem de ser quem se é. Porque, como lembra Samila, “num mercado que pede padronização, é preciso coragem para ser você mesma”.