Cirurgia para correção de coluna em bebês passa a ser gratuita no SUS

Cirurgia para correção de coluna em bebês passa a ser gratuita no SUS

O procedimento de alta complexidade é realizado no Ceará desde 2019

A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac-UFC), administrada pela Rede Ebserh, passa a realizar gratuitamente, via Sistema Único de Saúde (SUS), a cirurgia de correção da malformação congênita na coluna vertebral de bebês, uma condição conhecida como meningomielocele.

Referência no atendimento materno-fetal de alto e médio risco, a maternidade foi a primeira do Ceará a realizar esse tipo de procedimento, em 2019, corrigindo a malformação de um feto ainda no útero da mãe.

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Ao todo, 40 procedimentos já foram realizados na unidade de saúde, sendo o mais recente no dia 21 de fevereiro. Edson Lucena, médico obstetra e gerente de Atenção à Saúde da Meac, explica o que a meningomielocele é uma malformação congênita grave do tubo neural.

“Nessa condição, as meninges, a medula espinhal e as raízes nervosas ficam expostas devido a um fechamento incompleto da coluna vertebral durante as primeiras semanas de gestação. Isso pode levar a complicações neurológicas, como paralisia dos membros inferiores, hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) e disfunções urinárias e intestinais”, esclarece.

Conforme o especialista, o defeito surge antes da oitava semana de gestação, e se não for corrigido traz graves sequelas no desenvolvimento neurológico da criança.

“A detecção é geralmente realizada por meio de ultrassonografias de rotina durante o pré-natal, especialmente na ultrassonografia morfológica do primeiro e do segundo trimestre. No Brasil, a incidência da meningomielocele é de aproximadamente 1,4 para cada 10 mil nascimentos”, pontua o especialista.

Cirurgia com útero “a céu aberto”

A cirurgia mais recente realizada no Ceará foi a da dona de casa, Delineide de Souza, de 27 anos, que descobriu a condição no segundo trimestre da sua gravidez.

Segundo o seu relato, ela já tinha ouvido falar da cirurgia há quatro anos, quando teve o seu primeiro filho. Na ocasião, um bebê de uma de suas amigas recebeu o mesmo diagnóstico, realizando a cirurgia em São Paulo.

“No meu caso foi tudo muito rápido, avaliaram e disseram que a cirurgia era a melhor opção, pois melhoraria a qualidade de vida da minha filha. Não teve o que pensar, corri logo atrás, pois tem um tempo certo para fazer”, afirma Delineide.

Ela relata que inicialmente sentiu medo, por ser um procedimento de alto risco, mas que tudo ocorreu bem. “É algo novo. Você fica assustada. Mas fui bem acompanhada e estou me recuperando bem. Você é acompanhado até o bebê nascer”, finaliza.

Conforme o médico Edson Lucena, a cirurgia é um procedimento complexo que envolve uma equipe multidisciplinar, e os seus riscos incluem parto prematuro, ruptura prematura das membranas, complicações infecciosas e riscos anestésicos, tanto para a mãe quanto para o feto.

“Ela consiste na exposição e abertura do útero materno para acessar o feto e corrigir a malformação na coluna vertebral, protegendo as estruturas nervosas expostas. Após a correção, o útero é fechado e a gestação continua sob monitoramento rigoroso até o parto”, explica.

Para ele, essa correção pode melhorar significativamente o prognóstico neurológico da criança, reduzindo a necessidade de derivação ventricular para hidrocefalia e melhorando as funções motoras e a qualidade de vida do paciente.

“A oferta deste procedimento pelo SUS representa um avanço significativo na medicina fetal e na equidade em saúde no Brasil. Disponibilizar gratuitamente uma cirurgia de alta complexidade como esta garante que pacientes de diferentes classes sociais tenham acesso a tratamentos de ponta”, finaliza.

Para ter acesso ao procedimento, a gestante precisa ser encaminhada a um centro de referência em medicina fetal, como a Meac, onde será avaliada por uma equipe especializada que determinará a indicação e o momento adequado para a intervenção.

Serviço

Maternidade-Escola Assis Chateaubriand

Endereço: Rua Coronel Nunes de Melo, s/n, Rodolfo Teófilo - Fortaleza-CE
Contato: (85) 3366 8501 / 8502

Obs: A maternidade só recebe casos encaminhados pela Central de Regulação do Município de Fortaleza

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