Manifestantes reivindicam retorno das aulas presenciais nas escolas particulares

Em meio a panelaços dos manifestantes, estiveram presentes pais e mães de alunos, representantes do Sinep-CE, Unesc-BJ, Unesc-CE, os vereadores Priscila Costa e Carmelo Neto e a ex-candidata a vice-prefeita, Kamila Cardoso

00:00 | Fev. 19, 2021

REPRESENTANTES DE escolas particulares e pais de alunos reivindicam a volta das aulas presenciais (foto: BARBARA MOIRA)

Na tarde desta sexta-feira, 19, em frente à Assembleia Legislativa, pais, estudantes, diretores e funcionários de escolas particulares realizaram manifestação pela volta das aulas presenciais no Ceará. Entre panelaços e palavras de ordem, os participantes apontaram o que consideram falta de respaldo científico para o fechamento das escolas, que foi determinado por meio do decreto estadual divulgado na última quarta-feira, 17. Estiveram presentes representantes de pelo menos 93 escolas da Capital e RMF, do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinep-CE), União das Escolas do Bom Jardim (Unesc-BJ) e representantes dos Transportadores de Escolares. Os vereadores Priscila Costa (PSC), Carmelo Neto (Republicanos) e a ex-candidata a vice-prefeita, Kamila Cardoso (Podemos), da chapa de Capitão Wagner (Pros), discursaram no ato.

De acordo com Rejane Souza, presidente da Unesc-CE, em 2020, 315 escolas particulares foram fechadas na Capital. "Fecharam as portas em 2020 e até hoje não voltaram com nenhuma aula presencial. No geral, dessas escolas fechadas, se a gente colocar, no mínimo 20 funcionários, você percebe quantos são atingidos diretamente. Na periferia e nos bairros distantes do centro, essas escolas abrigam crianças que não conseguiram vaga na escola pública", relatou Rejane.

Dentre as palavras de ordem utilizadas no local, a falta de uma base científica para o último decreto, que determina toque de recolher e suspensão das aulas presenciais até 28 de fevereiro, era constantemente apontada nas falas. Em seu discurso, Carmelo Neto disse que o secretário de saúde, Dr. Cabeto, reconheceu que o contágio nas escolas foi menor que 1%. "Durante o Carnaval ele pediu que as escolas fossem abertas porque reconheceu que é um lugar seguro. Depois de abertas no Carnaval, ele decide fechar tudo", protesta. Em seguida, ao seu lado, a vereadora Priscila Costa ressaltou a liberdade de escolha dos pais sobre deixar ou não o filho frequentar a escola presencialmente "nós somos a primeira autoridade diante dos nossos filhos e o governador precisa nos respeitar. A escola é tão essencial que parece que o autor deste decreto não foi pra escola. É um decreto anticiência", declarou em meio a aplausos.

 

Para Neirimar Nunes de Freitas, diretora de uma escola particular de Fortaleza, essa reivindicação se justifica pela necessidade de um mediador no aprendizado dos alunos. "Nós, das escolas particulares, estamos pagando um preço muito alto, pois estamos cumprindo rigorosamente todo o protocolo de higienização das crianças. Isso não existe na escola pública e se ele autoriza a escola particular a funcionar e a pública não, a população da escola pública vai cair em cima dele. E ele não quer pagar esse preço", afirma a diretora.

Kamila foi recebida com muito entusiasmo pelos manifestantes presentes. "Há um mês atrás havia 1% de contaminação e, de repente, tudo muda? Não estou dizendo que devemos fechar ou abrir, existe uma equipe técnica pra isso. Mas não existe critério nenhum pra semana passada as escolas estarem abertas e, de repente, fechar. Isso é perseguição e nós não vamos nos calar!", declarou.

Ouvido pelo O POVO, o infectologista Luciano Pamplona cita estudos recentes que mostram que, em um cenário de pandemia controlada, as escolas não são locais super disseminadores da Covid-19, e que os professores, ao darem aulas presenciais, aumentam a chance de contrair a doença, mas não parecem estar mais expostos que outras profissões. Até 18 de fevereiro, 406.023 casos foram confirmados e 10.896 óbitos foram registrados no Estado, conforme a plataforma IntegraSUS, da Sesa.