Frequentadores denunciam desmatamento no Parque do Cocó; Sema afirma tratar-se de ação de proteção

A Secretaria do Meio Ambiente do Ceará confirma o corte de sete árvores, mas explica ação como parte de um programa de conservação de recursos naturais

17:26 | Jul. 21, 2020

Registros feitos por frequentadores flagraram a ação de uma retroescavadeira no local (foto: Leitor via Whatsapp)

Frequentadores do Parque do Cocó — Área Adahil Barreto, localizado no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza —, afirmam que agentes do Estado estão cortando árvores do local desde o último sábado, 18, para a construção de um viveiro que desmataria área arborizada do equipamento. A Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) confirma o corte de sete árvores, mas explica ação como parte de um programa de conservação que respeitaria a fitofisionomia da vegetação do Parque.

O arquiteto Marcílio Bizarria, um dos frequentadores que está à frente das denúncias, apresentou ao O POVO fotos e gravações que mostram uma retroescavadeira desmatando a região. Quando perguntados sobre o motivo da operação, os homens que coordenavam o trabalho, de acordo com Bizarria, afirmaram que o local desmatado daria espaço a um viveiro de plantas e mudas. 

Segundo o denunciante, a ação ocorre na parte do parque localizada na Rua Esmeralda, na altura do número 79. “Ninguém é contra a construção de viveiro, mas precisa desmatar uma área já arborizada para fazer isto? Não haveria alguma outra área dentro do parque para implantar?”, questiona Marcílio.

Doris Santos, coordenadora de biodiversidade da Sema — pasta do Governo do Ceará responsável pela manutenção e atividades dos parques estaduais, afirmou que foram cortadas sete árvores da região, mas que processo está ligado ao Programa Ceará Mais Verde, que busca conservar e proteger os recursos naturais e a biodiversidade do Estado.

A construção do viveiro, segundo Doris, respeita a fitofisionomia da vegetação que ocorre no Parque. O projeto ainda produziria anualmente cerca de 50 mil espécies nativas de mangue e mata de tabuleiro, contribuindo para as “ações de reflorestamento, recuperação de áreas degradadas e arborização”.

A coordenadora alegou também que as árvores cortadas eram espécies exóticas — não naturais à flora local — como coqueiros e mangueiras, que deveriam ser manejadas do Parque. Em referência à escolha da área para a realização do projeto, Doris garantiu que o local proposto para o viveiro é o menos impactante à biodiversidade do parque.

Caso a ser investigado

João Alfredo Telles, presidente da Comissão de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), afirmou ao O POVO que encaminhou a denúncia feita por frequentadores ao Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caomace), órgão do Ministério Público Estadual (MPCE).

O caso, de acordo com nota emitida  pelo Centro, espera agora para ser encaminhado a Secretaria Executiva das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Fortaleza, para que sejam adotadas medidas mediante ação.

O parque foi integrado ao Cocó em 2018, após passar por reformas. Desde o inicio do isolamento social, provocado pelo novo coronavírus, o equipamento seguia com atividades suspensas, mas retornou com algumas nessa segunda-feira, 20, quando a fase 4 do plano de retomada econômica passou a valer em Fortaleza.