Candidato a reitor preterido por Bolsonaro conversa com estudantes durante protesto na UFC

"Universidade só é universidade se for livre", disse Custódio Almeida, primeiro colocado na consulta pública, mas preterido por Jair Bolsonaro. O professor esteve no Campus do Pici em dia de paralisação contra nomeação do novo reitor nesta sexta, 30

12:34 | Ago. 30, 2019

FORTALEZA, CE, BRASIL, 30-08-2019: Alunos da UFC, fazem protesto-no Campus do Pici, contra a nomeação do novo reitor.(Foto: Mauri Melo/O POVO). (foto: Mauri Melo)

O candidato à reitoria da Universidade Federal do Ceará preterido por Jair Bolsonaro, professor Custódio Almeida, esteve presente na manhã desta sexta-feira, 30, no Campus do Pici, e conversou com estudantes e servidores que participavam de uma das atividades promovidas contra a nomeação do novo reitor, Cândido Albuquerque. Ao O POVO Online, Custódio contou que irá continuar lutando pela autonomia da universidade, a qual sente que "foi ferida". "Universidade só é universidade se for livre", afirma.

Custódio participava de uma reunião de trabalho no departamento de Integração Acadêmica e Tecnológica, no Centro de Tecnologia, quando foi chamado pelos estudantes que estavam no protesto para falar ao grupo.  

Ouça a análise:

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Ele disse em entrevista que continuará defendendo os ideais que sempre defendeu, muitos desses reivindicados pelos atuais manifestantes, como a autonomia universitária e liberdade. "Se a universidade não conseguir exercer sua maioridade intelectual, ela não exerce, plenamente, sua função de universidade. Eu vou estar junto com todos aqueles que defendem essas ideias".

Almeida recebeu a nomeação de Cândido com tristeza e indignação, conforme relatou. "Tristeza porque a nomeação daquele que não foi o mais votado é um desrespeito à universidade, à sua autonomia e sua maturidade". Para Custódio, Bolsonaro optou pelo menos votado sem dar nenhuma explicação, já que, tradicionalmente, os reitores escolhidos vinham sendo os primeiros da Consulta. "Não existe nenhuma macha no meu currículo que desabonasse a escolha do meu nome", reforçou. 

O professor fez questão de mencionar que sua luta não é contra as pessoas, mas a favor da "autonomia universitária, liberdade e democracia". "Sem isso a gente definha, a gente não vai longe". Custódio pretende acompanhar as movimentações e se manifestar "oportunamente" durante as atividades promovidas. Contou ainda estar recolhido por conta de um ''contexto inflamado", mas que já está retomando suas atividades enquanto docente. "Ser livre é uma luta a qual nunca podemos parar de lutar", finaliza. 

Com mais de sete mil votos recebidos em uma Consulta Pública realizada com estudantes, professores e servidores da Universidade Federal do Ceará, o professor Custódio Almeida alcançou o primeiro lugar, mas não foi o candidato escolhido por Bolsonaro. Cândido Albuquerque foi nomeado reitor no dia 19 de agosto. Ele havia recebido 610 votos na mesma consulta, ficando como último colocado. 

Custódio Almeida foi recebido pelos manifestantes. Confira o momento:

Com informações do repórter Leonardo Maia/ Especial para O POVO