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Uece não comenta denúncias contra diretor e confusão no CH, diz chefe de gabinete da reitoria

Eduardo Triandópolis, diretor do CH da Uece, é acusado de agredir física e verbalmente alunos que se manifestavam no centro. A questão, conforme a coordenação do curso de Filosofia, envolve assédio moral do diretor contra professores, funcionários e estudantes

12:02 | 04/12/2015

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) informou que não irá comentar, por enquanto, o episódio ocorrido no Centro da Humanidade (CH) da unidade que terminou com professora e alunos na delegacia. A chefe de gabinete da Reitoria, Josete Castelo Branco Sales, disse ao O POVO Online, nesta sexta-feira, 4, que aguarda formalização das denúncias sobre a confusão envolvendo o diretor do Centro, Eduardo Triandópolis.

“A Reitoria não foi notificada oficialmente, tudo que sabemos é pela imprensa ou pelas redes sociais. Logo, não iremos nos pronunciar pelo que ela escuta ou lê nas mídias”, frisou Josete. Segundo ela, a resposta virá “na mesma hora” em que forem recebidas notificações dos alunos, professores, diretor ou Polícia Civil.

“A professora e alunos foram de livre e espontânea vontade [à delegacia]. Ninguém foi detido e nem foi preso. E não houve demissões, o que aconteceu foi a abertura de sindicância sobre o pedido de demissão de dois professores da Filosofia”, explicou a chefe de gabinete da Reitoria. A suspensão dos dois professores, que não tiveram os nomes divulgados por Josete, é temporária.

De acordo com a coordenação do curso de Filosofia, após uma série de denúncias de racismo, machismo, autoritarismo e maus tratos, o diretor Triandópolis foi proibido pelo Conselho de Centro (Concen) de utilizar o espaço do Centro para as atividades administrativas. “O que não foi respeitado. Essas denúncias são feitas há meses e culminaram na ocupação dos estudantes em agosto. São fraudes de atas e bancas de concurso, além de assédio moral de professores, funcionários e alunos. O afastamentos dos dois professores [da Filosofia] foi a gota d’água. A presença física dele [diretor] sempre é envolvida por relações desrespeitosas, e, naturalmente, surgem os conflitos”, afirma João Emiliano Fortaleza de Aquino, coordenador de Filosofia.

Apesar da deliberação do Conselho, a Reitoria informou que nenhum servidor ou professor está proibido de transitar no espaço do CH. “O Conselho tomou essa decisão, mas não é verdadeira a informação de que há suspensão de ‘uma série de professores’. São apenas dois procedimentos”, completa Josete.

Impasse
Segundo Emiliano de Aquino, as questões envolvendo o diretor “não vêm de hoje, não são problemas apenas de ontem”. “Desde outubro o colegiado de Filosofia encaminhou um pedido formal de impeachment dele, baseado nas denúncias de assédio moral e falsificação de atas. Atos que constituem improbidade administrativa, pois há o desrespeito de órgãos superiores e abuso de poder”, conta.

Aquino questionou ainda a celeridade do pedido de demissão sumária dos professores da Filosofia, solicitado pelo diretor do CH. “Em 15 dias, estranhamente, saiu parecer, homologado pelo reitor, afastando os professores de sala de aula. Numa rapidez que não existiu quanto aos pedidos formais de afastamento dele”, citou.

O Centro Acadêmico da Uece divulgou na noite de quinta-feira, 3, uma nota sobre a confusão entre o diretor e os alunos. “Até quando alunos, professores e servidores precisarão passar por constrangimentos e humilhação? Hoje, mais uma vez (para variar) o professor Eduardo Jorge Triandópolis de Oliveira, diretor do CH, que foi afastado legalmente pelo Concen (Conselho de Centro), resolveu dar mais um de seus pits”.

De acordo com os alunos, Triandópolis agrediu fisicamente estudantes, com um parafuso, e se feriu propositalmente para incriminá-los. Para Aquino, a confusão - que culminou com a ida de professores e alunos à delegacia - tem a ver com o processo de luta e mobilização dos estudantes contra o autoritarismo de Triandópolis.

“Estamos recorrendo do absurdo de retirarem os professores de sala de aula. Nem na Ditadura Militar um professor foi afastado de sala de aula. Consideramos absurdo que os docentes tenham sido previamente retirados”, defende.

O POVO Online procurou Eduardo Triandópolis no CH, mas foi informado de que, “provavelmente”, ele não iria à instituição hoje. O número dele foi solicitado junto a assessoria de imprensa da universidade, mas ainda não houve retorno.

Confusão
Um grupo de alunos da Uece e o diretor prestaram depoimento no 4º Distrito Policial (DP) após, conforme denúncias, ele agredir física e verbalmente os alunos que se manifestavam na diretoria, no fim da manhã de quinta-feira, 3.

À Polícia, Triandópolis disse que a agressão partiu do grupo. Os alunos protestavam contra a demissão dos professores do curso de Filosofia sem justa causa e contra a fraude de atas de uma banca examinadora.

A vice-coordenadora de Filosofia da Uece, Eliana Paiva, também contou ao O POVO Online que essa foi a oitava vez que o diretor chamou a Polícia para a universidade.

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