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Moradores denunciam desperdício de água no Papicu

De acordo com moradores, ''há muito tempo'' um cano jorra água limpa próximo ao HGF

15:26 | 02/12/2015
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Em pleno período de estiagem no Ceará, um fato causa indignação aos moradores das ruas Otávio Lobo com Lauro Nogueira: um cano que desperdiça água límpida. De acordo com depoimentos, o problema já perdura há “muito tempo”. O local fica próximo ao Hospital Geral de Fortaleza (HGF), no Papicu. A denúncia foi feita ao O POVO Online nesta semana.

Um morador, que preferiu não se identificar, contou que o caso não é recente. Algumas tentativas de solução já foram tomadas para que a situação fosse resolvida, mas nenhum pedido foi atendido. “A Cagece e a prefeitura já vieram aqui, olharam e não fizeram exatamente nada pra isso parar”, disse.
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A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou por meio de nota que a ocorrência relatada não se trata de uma demanda do órgão. A Ouvidoria da Regional II, responsável pela área, disse não constar nenhuma denúncia sobre o fato, mas que enviará ao local uma equipe para analisar o problema.

Algumas pessoas residentes no bairro acham que o líquido vem do subsolo de um prédio residencial, por ter sido construído sobre um “olho d’água”. Eles acusam a má execução do plano de construção por parte dos engenheiros. “Eles perfuraram além do que era necessário”, falou uma pessoa que disse trabalhar com engenharia civil. Segundo ele, para não perder o espaço físico, foi colocada uma “bomba” para que o líquido fosse jorrado do lugar para uma fonte externa. “A água está sendo desperdiçada diretamente em uma galeria que a despeja diretamente no mar, sem coleta ou qualquer tipo de tratamento”, disse.

O comerciante Erevaldo Oliveira, 40, que possui um bar em frente ao local, afirma que a descoberta do desperdício foi feita que o vazamento começou após o início da execução das obras de drenagem, terraplanagem e pavimentação do programa municipal de drenagem urbana da região. “Não é possível calcular de desde quando isso acontece (desperdício), pois a gente só veio descobrir depois do começo das obras que a prefeitura está fazendo, que modificou toda a rua”e brinca: “Tem gente que toma banho aí. Parece o Piscinão de Ramos.

Mototaxistas que trabalham na região, que não quiseram se identificar, são unânimes à opinião sobre o uso adequado do recurso hídrico. “Dava para aproveitar”, diz um deles. Outro disse que já a utilizou a água para lavar a moto. De acordo com eles, ela é utilizada para diversos serviços, como lavagens de carros, banhos de pessoas que vivem na rua e uso doméstico. “Quando falta em casa, as pessoas vão pegar lá”, falou outro profissional.

No momento em que O POVO esteve no local, um morador que não quis se identifar, captava água para uso doméstico. “Eu uso em casa, lavo carro, mas nunca bebi. Não sei se dá pra beber”, relatou.

O síndico do prédio foi procurado pelo O POVO Online, mas não foi encontrado até o fechamento desta matéria.

Seca
Neste ano, o Ceará atravessou o quarto ano consecutivo de estiagem. A falta de chuva prejudicou, principalmente, cidades do interior do Estado. Dos 184 municípios cearenses, 139 já declararam situação de emergência por conta da seca.

Em setembro, O POVO publicou que os reservatórios cearenses atingiram o menor nível de toda a década. Somados, todos os reservatórios estão funcionando com 15,4% da capacidade, de acordo com dados coletados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Dos 153 açudes acompanhados pelo órgão, 123 estão com capacidade inferior a 30%.

Saiba mais
O olho d’água tem concentração em locais onde se verifica o aparecimento de água por afloramento do lençol freático; O rebaixamento do lençol freático é uma técnica muito utilizada na construção de prédios; Todo terreno possui um lençol de água no seu subsolo. Então instalam-se bombas muito potentes que, funcionando 24 horas por dia, retiram o líquido do subsolo.
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