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Greve dos médicos peritos do INSS completa 48 dias no Ceará

A greve prejudica diretamente pessoas que recebem ou pleiteam o auxílio-doença e demais benefícios por incapacidade

18:39 | 22/10/2015
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Em greve há 48 dias, desde o dia 4 de setembro, os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ainda não têm perspectiva de quando retornam o atendimento no Ceará. De acordo com o delegado da seção Ceará da Associação Nacional de Médico da Previdência Social (ANMP), Noberto Wilson das Chagas, a categoria permanece em greve nacionalmente até que Governo Federal comece as negociações. “Ainda não foi feita nenhuma negociação, depende totalmente do Governo”, declarou.

De acordo com o delegado, a greve tem tido forte adesão da categoria, com “cerca de 80%”, mas o percentual mínimo de 30% de atendimento, exigido por lei, tem sido respeitado.

Os peritos médicos previdenciários só entraram em greve quase dois meses depois que os demais servidores do INSS. E, mesmo após o fim da greve do servidores, no dia 25 de setembro, com o reajuste salarial de 10,8%, os peritos continuaram a greve.

A categoria reivindica a “efetivação das 30 horas semanais já existentes na prática, fim da terceirização da perícia, reposição das perdas inflacionárias (27% em dois anos), reformas estruturais da carreira, das normas e do ambiente de trabalho, em especial a segurança dos peritos médicos”.

Já conforme explica a assessoria do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), “na quarta-feira, dia 7, a direção da ANMP foi recebida na mesa de negociação e apresentou sua pauta de reivindicações". De acordo com o MPOG, a categoria pede reduação de carga horária, sem redução de remuneração e a criação de "carreira pública exclusiva" com o fim da tercerização. "O governo está avaliando internamente as reivindicações e apresentará em breve o posicionamento à entidade”, posicionou-se por meio de nota.

Impactos

Conforme dados da ANMP, os médicos peritos são responsáveis por 14 milhões de atendimentos periciais anuais no Brasil, sendo a metade feita em postos do INSS. A greve impacta diretamente pessoas que são beneficiadas por auxílio-doença e demais benefícios por incapacidade, como a empregada doméstica Maria Hélia Queiros da Silva, 44.

Impossibilitada de trabalhar desde agosto de 2014, diagnosticada com hérnia de disco, a doméstica está sem receber o auxílio-doença desde abril deste ano. Na época, o benefício foi negado pela perícia do INSS. A doméstica tem, desde então, tentado recorrer da decisão e já teve duas consultas no órgão remarcadas por conta da greve dos médicos peritos.

“Não tenho condições de trabalhar. Sinto dores fortíssimas nas costas e qualquer movimentação minha é complicada. Vou a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) toda semana, muitas vezes mais de uma vez por semana. Terça-feira (20) cheguei a desmaiar de dor”, relata.

Desde que a cirurgia de hérnia foi desmarcada no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), por conta do sobrepeso, a doméstica tem feito tratamento de emagrecimento e já perdeu 30 quilos. Porém, ela só obteve vaga no dia 28 de dezembro para uma consulta e uma nova data de cirurgia.  

Até lá, o auxílio de um salário mínimo serviria para comprar parte da vasta lista de medicação que lhe é receitada nos tratamentos de hérnia, obesidade, pressão alta e diabetes. “A minha última perícia tinha sido marcada para o dia 30 de setembro, mas por conta da greve, não tem previsão de quando serei atendida”, lamenta.

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