Fechamento de lavanderia no Meireles gera temor entre lavadeiras
Local existe há 49 anos e será desativado no final de dezembro

"Todo dia saio de casa 5h da manhã pra vir trabalhar aqui. Faço isso há 25 anos". O relato, cheio de orgulho, é da lavadeira Márcia Maria, contando o seu trajeto de todas as manhãs, de sua casa, no bairro Dias Macedo, até o trabalho, na lavanderia Dom Antônio Lustosa, no bairro Meireles, em Fortaleza. Rotina parecida têm outras 13 lavadeiras que também trabalham no local, um prédio pertencente ao Governo do Estado, onde o grupo lava e engoma roupas a preços módicos para a comunidade. A lavanderia existe há 49 anos, mas agora está ameaçada de ser fechada, segundo as lavadeiras, já que o Governo pediu o prédio de volta e deu o prazo até dezembro para que o grupo deixasse o local.
De acordo com as lavadeiras, o prédio foi cedido sem ônus pelo Governo do Estado, que também não cobra água nem energia. Há cerca de um mês, após uma reunião com o secretário adjunto da Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social, José Herman Normando Almeida, o grupo foi informado de que o prédio teria de ser desocupado até o final de dezembro. "Sempre que troca de Governador, surge este boato de que o o novo Governo vai botar a gente para fora, mas, dessa vez, após a reunião com o secretário, vimos que não era boato, que querem mesmo que a gente saia", disse Salete Silva, que trabalha na lavanderia há 15 anos.
Outra lavadeira que não quer deixar o lugar é Gorete Fonseca. Segundo ela, o local se confunde com sua própria vida, já que, desde muito pequena, ela frequenta o local. "Praticamente nasci aqui. Minha mãe e minha avó foram as fundadoras daqui, as primeiras lavadeiras do Dom Lustosa, há quase 50 anos. Tirando a gente daqui, o governo está agindo errado, porque em vez de estar criando empregos, está acabando com eles", queixou-se.
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STDS diz que estudará o caso de cada lavadeira
A assessoria de comunicação da Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social (STDS) disse que a atividade das lavadeiras é atrelada ao Centro Integrado de Atenção e Prevenção contra a Violência à Pessoa Idosa (Ciaprev) e que esta atividade foi repassada para o município. Como a Prefeitura está reformando um novo prédio para que o órgão funcione e, considerando-se que nem todas as lavadeiras do local são idosas, o prédio sera desativado e poderá ser utilizado para alojar alguns setores da própria STDS, que entrará em reforma em breve.
Com relação à situação das lavadeiras, a STDS informou que, desde 2013 já havia informado ao grupo, de forma extra-oficial, sobre a desocupação. A secretaria também informou que estudará caso a caso a situação de cada lavadeira para decidir qual destino elas terão.
Redação O POVO Online