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Educação, inclusão e empregabilidade para a juventude

Modelo cearense de ensino profissionalizante combina educação integral, formação técnica e mercado de trabalho, impulsionando inclusão e desenvolvimento

O Ceará tem se destacado no cenário educacional brasileiro. Entre os motivos de sucesso, a implementação de um exitoso programa de ensino profissionalizante que integra educação de qualidade com demandas do mercado de trabalho.

Com um total de 133 escolas profissionalizantes, o Estado oferece mais de 50 cursos nas áreas de Tecnologia da Informação, Gestão de Negócios e diversos outros itinerários formativos, alinhados às necessidades econômicas e trabalhistas em cada uma das regiões.

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Se hoje os resultados são visíveis, é graças a uma política de ampliação da carga horária que começou em 2008. No modelo profissionalizante, formação técnica e ensino básico andam lado a lado, aumentando as oportunidades de empregabilidade e de ingresso no ensino superior.

Atualmente, aproximadamente 20% das matrículas do ensino médio no Ceará são na modalidade profissionalizante. O Governo tem como meta elevar esse índice para 25% até 2026, além de inaugurar mais cinco escolas de tempo integral.

Mas o maior desafio para a expansão dessa política está na ordem do financiamento, uma vez que são altos os investimentos envolvendo alimentação, infraestrutura, pagamento de professores técnicos e outras demandas específicas da modalidade, explica Jucineide Fernandes, secretária-executiva de Ensino Médio e Profissional.

“É algo que não está deixando de acontecer por causa de financiamento”, garante a titular da pasta. De acordo com ela, nos últimos seis anos, o Estado bancou sozinho a ampliação da política de ensino profissionalizante e de tempo integral, uma iniciativa que continua sendo uma prioridade do Governo, segundo afirma.

 

Empregabilidade e acesso ao ensino superior

O programa adotado pelo Ceará se diferencia dos demais estados por incluir estágio obrigatório e remunerado, com oferta aos alunos de uma bolsa de R$ 400 – o valor varia de acordo com critérios de carga horária.

O Ceará é o único estado no Brasil com essa iniciativa. A modalidade de contratação garante ao aluno todos os direitos previstos em Lei. Para conectar os estudantes às oportunidades de trabalho, mais de 6 mil empresas estão cadastradas como concedentes de vagas de estágio, abrangendo 111 municípios cearenses, de acordo com a Secretaria Executiva de Ensino Médio e Profissional (Sexec).

Apesar de a empregabilidade ser um dos resultados da política, ela não é o objetivo-fim. O investimento na educação profissionalizante acaba trazendo outros retornos, como a alta taxa de ingresso no ensino superior.

O impacto é evidente: mais de 70% dos estudantes advindos de escolas profissionalizantes ingressam na faculdade, além de terem maior média de proficiência em exames como Enem e no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), ainda de acordo com a pasta.

“A gente não está formando apenas para empregar o menino. Também é para transformar esse ensino médio atrativo e gerar oportunidades”, afirma Jucineide Fernandes, secretária-executiva da Sexec.

Segundo explica, o foco está também em promover a autonomia do estudante. É sobre plantar oportunidades de qualificação profissional que estarão à disposição do jovem caso deseje (ou necessite) ingressar no mercado de trabalho. Não como única opção viável, mas como uma possibilidade a mais.

Para o secretário executivo do Trabalho e Empreendedorismo do Ceará, Renan Ridley, o Estado precisa garantir essas oportunidades em diversas frentes.

“Não existe uma fórmula para todo mundo. Há estudantes que, além de ir para a universidade, também precisam ter a oportunidade de garantir uma primeira colocação no mercado de trabalho. Essa oportunidade também deve ser dada”, explica o secretário.

Nesse sentido, debates vêm sendo realizados para vincular a Lei da Aprendizagem a escolas de tempo integral não profissionalizantes, afirma Jucineide Fernandes. A Lei nº 10.097/2000 estabelece as regras para a contratação de jovens de 14 a 24 anos como aprendizes.

“A política de aprendizagem é uma política importante, e a gente do Governo do Estado, em parceria com as instituições que fazem esse debate, tem, através de programas de inserção ao mercado de trabalho para a primeira porta de emprego, uma política que, na minha avaliação, é exitosa”, afirma Renan Ridley.

 

Modelos alternativos e jornada ampliada

Além das 133 escolas voltadas exclusivamente à educação profissionalizante, o Estado conta com 12 escolas do campo, que também funcionam com jornada ampliada e oferecem cursos como administração, agroecologia e informática, voltados para organizações sociais.

Outra iniciativa de destaque é a escola que opera no formato de Educação Familiar Agrícola (EFA), pensada para atender as particularidades das comunidades rurais. A metodologia de alternância adotada permite aos estudantes passar 15 dias na escola e uma semana no território, conectando o aprendizado teórico à prática no campo.

O Ceará se destaca também pela ampla oferta de ensino médio em tempo integral, indo além da modalidade profissionalizante. Atualmente, 75% das 691 escolas que oferecem o ensino médio no Estado já funcionam em regime integral, e a meta do Governo é universalizar essa oferta até 2026. Os dados são da Secretaria Executiva de Ensino Médio e Profissional.

A jornada ampliada proporciona mais oportunidades de aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento de competências cognitivas, socioemocionais e o protagonismo dos estudantes.

Cada escola integral oferece uma jornada diária de nove horas-aulas, com três refeições diárias. O currículo abrange 45 horas semanais, os professores possuem dedicação exclusiva e os gestores são selecionados com base em critérios técnicos.

 

Jovens multiplicadores

Exemplo de sucesso na política de educação profissionalizante é a história de Rogério Bié, 24. Crescido em um assentamento do MST na zona rural de Santa Quitéria, no interior do Estado, Bié enfrentou dificuldades típicas de jovens de famílias humildes, como salas multisseriadas e infraestrutura escassa.

A grande mudança em sua vida veio com o almejado ingresso na Escola Profissionalizante Monsenhor Luis Ximenes Freire, onde cursou o ensino médio, de 2016 a 2018, concomitantemente ao curso técnico de Logística.

“A escola de ensino profissionalizante foi um divisor de águas na minha vida, porque foi a partir dela que eu tive contato com todo o novo universo de pessoas, de oportunidades, de experiências que transformaram a minha vida e me possibilitaram realmente sonhar mais alto e também inspirar jovens como eu a, enfim, acreditar no poder da educação”, relata Rogério.

Na escola, ele concorreu ao disputado Programa Jovens Embaixadores, um intercâmbio promovido pela Embaixada dos EUA no Brasil. Após três tentativas até a aprovação, Bié viajou para os Estados Unidos em 2019 representando o Ceará e o Brasil em uma experiência cultural, acadêmica e de liderança focada na transformação social.

“Eu me entendi melhor enquanto um cidadão capaz de mudar a realidade ao meu redor, e foi graças a todos os meus projetos, todo esse dia a dia da escola, esse acolhimento, que eu não desisti e que eu criei essa energia, essa força de vontade”, reflete.

Hoje, Rogério Bié é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e integra a equipe de comunicação da Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), atuando diretamente com estudantes em iniciativas de mobilização e protagonismo estudantil em que participou enquanto estudante da escola pública profissionalizante.

“Estar do outro lado, inspirando esses jovens, vendo muitas outras vidas se transformarem, assim como a minha foi transformada, é muito gratificante”, relata.

 

 

 

 

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