Com crise da JBS, pecuaristas se unem para assumir frigoríficos em Mato Grosso
A crise na empresa que se seguiu às delações provocou uma grande desarrumação no mercado de bovinos. Pecuaristas passaram a temer vender gado à prazo para a JBS, e começaram a procurar outros compradores. Mas as opções são restritas - a JBS concentra cerca de 50% do abate no Estado. Por conta desse desarranjo, o preço do gado bovino acabou caindo.
Com isso, ganharam força as conversas entre os pecuaristas para assumirem frigorÃficos fechados. A ideia, segundo Luciano Vacari, diretor executivo da Associação de Criadores do Mato Grosso (Acrimat), já vinha desde que foi deflagrada, em março, a Operação Carne Fraca, que investiga o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura em esquema de corrupção, mas agora foi acelerada. "A abertura de uma cooperativa é uma das possibilidades. Podemos atrair investidores de fora, mas tudo está em discussão ainda", disse.
Fazem parte desse pool de pecuaristas os irmãos Fernando e Eraà Maggi, primos do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, donos do grupo agropecuário Bom Futuro. A famÃlia Maggi é uma das maiores produtoras de soja no Brasil. "Estamos em conversas com o governo do Estado de Mato Grosso", disse Fernando Maggi ao Estado. A ideia é que essas unidades possam se tornar exportadoras.
Fernando Maggi é hoje um dos maiores fornecedores de gado para o Marfrig, o segundo maior frigorÃfico brasileiro. O pecuarista também foi, há dois anos, cliente do JBS, mas decidiu romper o contrato. Maggi negou que a famÃlia, por meio do grupo Bom Futuro, pretenda abrir seu próprio frigorÃfico.
Mato Grosso tem, no total, 22 frigorÃficos desativados, boa parte por conta do movimento de concentração do setor. Desses, de seis a oito podem ser reabertos nos próximos meses, disse Ricardo Tomczyk, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado. Na terça-feira, o Minerva, terceiro maior frigorÃfico do PaÃs, anunciou que vai reabrir a unidade na cidade de Mirassol DÂ?Oeste. O Marfrig também avalia reativar duas unidades.
Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, apoia a iniciativa dos pecuaristas e diz que as unidades reabertas têm condições de atender à demanda. No entanto, lembra que a habilitação para exportação não é tão rápida. "A inspeção para exportar para Ãsia e União Europeia, por exemplo, demora de seis meses a um ano." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.