Trabalhadores dos Correios estão em greve no Ceará por reajuste salarial
Paralisação começou na última quarta-feira, 17 de dezembro, e afeta nove estados, incluindo o Ceará. Empresa afirma que medidas contingenciais foram tomadas
12:38 | Dez. 20, 2025
Funcionários dos Correios em nove estados, incluindo o Ceará, estão em greve desde a última quarta-feira, 17. A decisão foi tomada após a categoria discordar de algumas medidas adotadas pela empresa, afora a falta de um acordo para o reajuste dos salários.
Além do Ceará, a paralisação acontece nos seguintes estados: Paraíba, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Dos 36 sindicatos que representam os colaboradores da empresa, 24 não aderiram ao movimento.
O POVO entrou em contato com a assessoria da estatal para entender como a greve deve impactar na entrega de encomendas no Ceará. No entanto, as perguntas locais não foram respondidas.
Em nota, os Correios afirmam que as agências permanecem abertas para atendimento ao público, e as entregas estão sendo realizadas em todo o país. “Na sexta-feira, 19, 90% do efetivo dos Correios esteve trabalhando”, garante a estatal.
“Para mitigar eventuais impactos operacionais, a empresa adotou medidas contingenciais que garantem a continuidade dos serviços essenciais à população”, afirma sem especificar as ações tomadas.
A estatal segue à disposição dos clientes pelos canais de atendimento: 4003-8210 (capitais e regiões metropolitanas) ou 0800-881-8210 (demais localidades).
Proposta de acordo coletivo
Na última quarta-feira, 17, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), apresentou uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), com duração de dois anos.
A proposta do tribunal visa preservar os benefícios, continuidade, estabilidade e respeito aos colaboradores dos Correios, mesmo em um cenário econômico-financeiro considerado “desafiador para a empresa.”
A proposta dos funcionários dos Correios demanda um reajuste salarial acima da inflação, manutenção de direitos obtidos em acordos anteriores, adicional de 70% nas férias, adicional de 200% para trabalhos aos fins de semana e “vale-peru” no valor de R$ 2,5 mil.
Na última quinta-feira, 18, Kátia Magalhães Arruda, ministra do Superior Tribunal do Trabalho (TST), determinou que cada agência mantenha o mínimo de 80% do efetivo de funcionários trabalhando.
Pela mesma decisão, os dirigentes sindicais estão impedidos de realizarem atos na frente das agências e de impedir a entrada de funcionários e cartas nas unidades. Em caso de descumprimento da decisão, a magistrada fixou multa de R$ 100 mil por dia, a serem pagos pelos sindicatos.
Os Correios aguardam a deliberação das entidades representativas dos empregados sobre a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025/2026 apresentada pelo TST.
Crise financeira nos Correios
Nos últimos anos, os Correios passam por uma grande crise financeira, com sucessivos déficits nas contas da companhia. Para equilibrar as contas, o Tesouro Nacional concedeu à empresa um empréstimo de R$ 12 bilhões, com juros de 105% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa de referência entre bancos.
Essa taxa está abaixo do valor de mercado, geralmente fixado em 120% do CDI. O empréstimo deverá ser pago no prazo de 15 anos, com prazo de três anos de carência para juros e amortização.
Em 2024, os Correios teve prejuízo de R$ 2,6 bilhões, segundo balanço da companhia.