Elmano diz que setor de pescado está entre maiores preocupações no Ceará

Ele falou após reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, nesta terça-feira, 29

12:08 | Jul. 29, 2025

Por: Beatriz Cavalcante
Elmano de Freitas concede entrevista após a reunião do governo e empresários cearenses com Geraldo Alckmin (foto: João Paulo Biage/O POVO)

O setor de pescados cearense, maior produtor do segmento no País, em que 30% do que exporta vai os Estados Unidos, está entre as maiores preocupações no Ceará, segundo o governador do Estado, Elmano de Freitas (PT), sobre o tarifaço de 50% prometido por Donald Trump, a partir de 1º de agosto, aos produtos brasileiros.

Ele falou em coletiva de imprensa após reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, nesta terça-feira, 29 de julho, em Brasília.

Outros segmentos também foram citados como mais preocupantes, como o da cera de carnaúba e da castanha de caju.

No médio prazo, o gestor fala das empresas que produzem equipamentos para parques eólicos, cujo impacto é calculado sobretudo no planejamento estratégico das companhias. 

O aço produzido localmente, porém, já convive com uma taxa de 50%. Além disso, a ArcelorMittal, grupo que atua com uma unidade no Pecém, tem fábrica nos Estados Unidos, o que mitigaria os efeitos. 

Em relação ao resultado da reunião com Alckmin, Elmano detalhou que o Ceará entregou um conjunto de sugestões de medidas ao Governo Federal, com apoio dos dados do Observatório da Indústria da Federação da Indústria do Estado (Fiec).

Apesar de não ter antecipado ações debatidas, o governador cearense frisou que é preciso ter em mente dois momentos de discussões. Uma é esta que ocorre até o dia 1º de agosto, quando o presidente norte-americano deve anunciar se a ameaça de taxar os produtos brasileiros se concretiza.

Até então, a três dias do tarifaço, o gestor diz que é preciso buscar o “diálogo e a negociação” com o governo de Trump. 

Outra frente foi sugerida aos próprios empresários cearenses, para buscarem, por meio das companhias norte-americanas, pressionar o governo dos Estados Unidos a não aumentar alíquotas ou preservar setores. 

“Temos que trabalhar e é isso que vim sugerir... Um grupo com Sefaz (Secretaria da Fazenda do Ceará), Procuradoria (Geral do Estado), com Fiec, Faec (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará), para, analisando possibilidades de cenários, que medidas poderiam ser adotadas em cenário A, cenário B, cenário C.”

Conforme Elmano, não interessa uma negociação perde-perde e sim ganha-ganha. “Nós, do Governo do Estado do Ceará, vamos apoiar todos os setores que, de alguma maneira, exportam para os Estados Unidos”, complementou. 

Setor de pescados do Ceará e exportações

No que concerne ao setor de pescados do Ceará, dados do Observatório da Indústria da Fiec apontam que peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos alcançaram US$ 36.756.826 em exportações neste ano, até junho. 

O segmento cearense representa 54,9% do vendido pelo Nordeste ao Exterior e 61,34% do Brasil.

As comercializações são sustentadas por embarques de peixes congelados (NCM 0303). Os Estados Unidos permaneceram como principal mercado (US$ 22,5 milhões), seguidos por China (US$ 4,4 milhões) e Austrália (US$ 3,5 milhões).

Na análise de todos os setores, em junho de 2025, as exportações cearenses atingiram US$ 301,53 milhões, um crescimento de 11,8% em relação a maio e um salto expressivo de 314,4% frente a junho de 2024, conforme o relatório Ceará em Comex, do Centro Internacional de Negócios do Ceará da Fiec.

O desempenho foi puxado, mais uma vez, por ferro e aço, que lidera a pauta exportadora e superou a marca de US$ 210 milhões em embarques no mês.

Além desse segmento, frutas, calçados, ceras vegetais e pescados também mantiveram participação relevante.

No acumulado de janeiro a junho de 2025, as exportações cearenses somaram US$ 1,07 bilhão, registrando um expressivo avanço de 82% em relação ao mesmo período de 2024.

Entre os principais destinos destas comercializações estão os Estados Unidos, permanecendo na liderança, com 51,9% de participação nas exportações cearenses e crescimento de 184,1% no acumulado do ano. O país norte-americano chegou a US$ 556,69 milhões com o Ceará.

O desempenho foi impulsionado pelos embarques de ferro e aço (US$ 426,2 milhões), além de pescados (US$ 22,5 milhões), calçados (US$ 18,2 milhões) e preparações hortícolas (US$ 17,0 milhões).

Também se destacaram França (+303,7%), Reino Unido (+89,1%), Itália (+77,2%), Países Baixos (+43,5%) e China (+36,6%).

No ranking nacional, o Ceará manteve a 17ª posição entre os estados exportadores, com 0,6% de participação nas exportações brasileiras no primeiro semestre — superior aos 0,4% registrados em 2024.

O Estado é, portanto, a unidade da Federação mais impactada do País com o tarifaço, considerando a proporção de 51,9% das vendas para o Exterior concentradas para os Estados Unidos. É o maior volume proporcional exportado para lá. Ainda figura em terceiro que mais ganha entre importações e exportações.

Apenas nos primeiros seis meses de 2025, foram US$ 342.678.770 de superávit a favor dos cearenses - montante calculado a partir dos US$ 556.690.080 exportados e os US$ 214.011.310 importados no período.

Com informações do correspondente O POVO em Brasília, João Paulo Biage

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