Brasil envia carta aos EUA manifestando indignação ao tarifaço de 50% de Trump

Nota conjunta dos ministérios do Desenvolvimento e das Relações Exteriores relata que o governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA às propostas comerciais realizadas no dia 16 de maio deste ano

12:30 | Jul. 16, 2025

Por: Beatriz Cavalcante
Vice-presidente Geraldo Alckmin lidera reunião com exportadores para discutir resposta do Brasil às tarifas impostas pelos Estados Unidos (foto: AURÉLIO ALVES)

O Governo Federal confirmou que enviou carta aos Estados Unidos manifestando indignação em relação ao tarifaço de 50% proposto por Trump aos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto e à falta de resposta do país norte-americano às propostas realizadas ainda em maio deste ano.

O documento foi encaminhado na terça-feira, 15 de julho, pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento (Mdic), Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira, ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.

“Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano”, descreveu o texto.

As respostas do governo americado às propostas são aguardadas, segundo a carta, desde o dia 16 de maio

O retorno seria em relação a uma minuta confidencial contendo áreas de negociação nas quais o Brasil propõe explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.

“O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, descreveram as autoridades brasileiras.

Para eles, em dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.

Ainda frisaram que, desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral.

Citam ainda que o País acumula com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos EUA.

“Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.”

Porém, nota conjunta do Mdic e MRE destaca que o governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à proposta.

“Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”, finalizou o comunicado.

Veja: A pedido de Trump, governo dos EUA abre investigação comercial contra o Brasil; entenda

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