Petróleo sobe com risco de bloqueio do Estreito do Ormuz, mas cai em seguida
Além disso, o dólar aumentou frente ao real e no Exterior, mas desacelerou o ajuste em meio à alta do minério de ferro na China
10:44 | Jun. 23, 2025
Com risco de bloqueio do Estreito do Ormuz, ponto estratégico de cerca de 20% de todo o petróleo e gás mundial, o preço do combustível oscilou nesta segunda-feira, 23.
A cotação do Brent, tipo de petróleo usado como referência internacional, chegou a subir até 5,7% na abertura dos negócios, atingindo a casa dos US$ 81 por barril. No entanto, às 10h (horário de Brasília), o valor baixou para US$ 77, o que demonstra uma oscilação.
Vale lembrar que o valor do barril variou 19%, saindo dos 60 para os 70 dólares, entre 22 de maio a 20 de junho, recorte temporal em que houve o início das últimas ofensivas entre Israel e Irã.
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Além disso, o dólar aumentou frente ao real e no Exterior, mas desacelerou o ajuste em meio à alta do minério de ferro na China.
Os investidores ainda aguardam os desdobramentos do conflito no Oriente Médio, após os ataques dos EUA ao Irã, com temor de retaliação iraniana, incluindo o possível bloqueio do Estreito de Ormuz. Também preocupa a possibilidade de os EUA apoiarem a queda do governo iraniano.
Israel atingiu alvos do governo iraniano em Teerã nesta segunda-feira, em uma série de ataques que se seguiram a uma salva de mísseis e drones disparados pelo Irã em direção ao território israelense, após os EUA bombardearem instalações nucleares iranianas no fim de semana.
Fazenda projeta medidas de mitigação no Brasil
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, explicou nesta segunda-feira, 23, durante entrevista à Rádio CBN, que as medidas de mitigação, como a política de preços da Petrobras, são bem-vindas para este cenário de possível elevação do preço do petróleo.
"O preço do petróleo tende a subir, apesar de a gente já ter visto nos últimos dias, nas últimas semanas, alguma compra de petróleo que pode amortecer a subida nesta semana. Mas nós vamos acompanhar de perto. Acho que algumas mitigações, como a política de preços da Petrobras, são bem-vindas nesse momento."
A política de preços citada pelo secretário é a instaurada em 2023, que considera o preço mínimo que a Petrobras pretende vender e o preço máximo que o cliente se dispõe a pagar.
Fora o petróleo, Durigan disse que será importante acompanhar como os episódios no cenário internacional vão influenciar na corrida pelo dólar e, consequentemente, impactar moedas de países emergentes.
"Há um movimento que busca a segurança no mercado, então moedas de países em desenvolvimento, como a nossa, mesmo ativos variáveis, como ativos de Bolsa, podem acabar sendo rejeitados ou vendidos nesse momento em benefício de moedas fortes como o dólar", avaliou.
O secretário ainda reconheceu que é importante considerar o risco da guerra sobre o cenário inflacionário no Brasil, mas reforçou que não deve haver um aumento fora de controle.
"A gente vem olhando para o risco de inflação não é de agora. A gente tem seca prolongada no Brasil. No ano de 2024, a gente teve uma desvalorização do real de 24%. E nem por isso a inflação saiu do controle. Ela teve um aumento preocupante que a gente está acompanhando de perto", disse.
Bolsas europeias e asiáticas
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta segunda-feira, enquanto investidores aguardam possível reação do Irã a ataques dos EUA contra instalações nucleares iranianas no fim de semana.
O índice japonês Nikkei caiu 0,13% em Tóquio, a 38.354,09 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi recuou 0,24% em Seul, a 3.014,47 pontos, e o Taiex registrou queda de 1,42% em Taiwan, a 21.732,02 pontos.
Na China continental, por outro lado, o dia foi de ganhos: o Xangai Composto subiu 0,65%, a 3.381,58 pontos, depois de acumular perdas por duas sessões consecutivas, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,95%, a 1.987,69 pontos. O tom foi igualmente positivo em Hong Kong, onde o Hang Seng garantiu alta de 0,67%, a 23.689,13 pontos.
A grande incógnita é como o Irã reagirá, após o ataque dos EUA a três centrais nucleares iraniana levantar questões sobre o que sobrou do programa nuclear de Teerã. Há temores de que o Irã feche o estreito de Ormuz, por onde transita cerca de 20% do petróleo mundial.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho pelo quinto pregão seguido, com baixa de 0,36% do S&P/ASX 200 em Sydney, a 8.474,90 pontos.
Já as europeias operam majoritariamente em baixa contida, à medida que a decisão dos EUA de se juntar a Israel em ataques contra instalações nucleares do Irã intensificou temores de uma escalada do conflito no Oriente Médio.
Por volta das 6h30min (de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx 600 recuava 0,13%, a 535,83 pontos. Investidores também avaliam prévia de dados de atividade (PMIs) da Europa.
Na zona do euro, o PMI composto ficou estável em 50,2 em junho, contrariando projeção de avanço. Na Alemanha e no Reino Unido, por outro lado, os PMIs avançaram mais do que o previsto neste mês. Nas próximas horas, são aguardados PMIs dos EUA.
Às 6h43min (de Brasília), a Bolsa de Frankfurt caía 0,47% e a de Paris recuava 0,48%, enquanto a de Londres oscilava em torno da estabilidade. As de Milão, Madri e Lisboa, por sua vez, tinham respectivas perdas de 0,95%, 0,15% e 0,88%.
Com Ludmyla Barros e Agência Estado