Tesouro já comprou dólar para pagar dívida externa de 2016, diz Levy
Em entrevista ao Broadcast, serviço de notÃcias em tempo real da Agência Estado, Levy afirmou que não há risco de solvência da dÃvida, ou dúvida sobre a vontade ou capacidade de honrar todos os pagamentos. Uma prova disso, segundo ele, é que os investidores "não querem vender" os papéis brasileiros. "Ninguém quer vender. O risco é zero. Não abrem mão da dÃvida soberana."
A piora da economia e das contas públicas brasileiras, no entanto, acabou deixando novamente a dÃvida externa em evidência. Na semana passada, a agência MoodyÂ?s colocou em revisão o rating do Brasil para emissão externa.
A dÃvida externa em mercado é hoje cerca de US$ 28 bilhões, mas o Brasil tem US$ 369,5 bilhões em reservas internacionais, o que representa mais de 12 vezes o estoque, ao contrário do que ocorria no passado.
O fato de a maior parte da dÃvida brasileira estar atrelada ao real, na sua avaliação, é uma vantagem para o PaÃs enfrentar as dificuldades econômicas atuais. PaÃses europeus, como Espanha e Portugal que também passaram por crises, tiveram problemas para refinanciar os bônus da dÃvida externa porque não controlam sua moeda, ao contrário do Reino Unido "Todos fizeram ajustes fortes após a crise, mas a dÃvida do Reino Unido sofreu bem menos."
DÃvida interna
O ministro ponderou, no entanto, que o crescimento da dÃvida interna é desconfortável e está relacionado à s incertezas em relação ao futuro da economia. Levy destacou que rebaixamentos por causa de menor resultado fiscal têm como reflexo o aumento do custo do crédito para as empresas brasileiras. Por isso, afirmou, é preciso combater a complacência fiscal e concentrar os esforços nas reformas para dar fôlego à economia e diminuir a relação entre a dÃvida pública e o Produto Interno Bruto (PIB). O crescimento potencial da dÃvida em relação ao PIB é um dos principais indicadores observados pelas agência de risco.
"Queremos uma ponte do presente", afirmou o ministro, evitando uma referência direta ao programa apresentado pelo PMDB, do vice-presidente Michel Temer, intitulado "Uma ponte para o futuro".
Entre as mudanças que dão "pistas", segundo ele, do que é possÃvel fazer, citou a reforma do setor elétrico, com o leilão de US$ 17 bilhões em que o BNDES não precisou financiar os investidores e um terço do recurso apurado vai para levantar a Eletrobras e facilitar a venda das distribuidoras federalizadas. Também "azeitam" o PIB as propostas tributárias (PIS-Cofins, ICMS), mudanças no setor de seguros e o programa Parceria Público-Privada (PPP) "mais", em gestação no Ministério da Fazenda para estimular os investimentos em infraestrutura e fortalecer um ambiente pós-Lava Jato.
Meta fiscal
Defensor da meta de superávit de 0,7% do PIB para 2016, o ministro minimizou o debate no governo para alterá-la na votação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentários de 2016, prevista para a próxima semana. "A questão não é 0,3% do PIB aqui ou ali, mas as reformas indispensáveis, que são a verdadeira agenda do Ministério da Fazenda." Levy não comentou rumores sobre sua saÃda do governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.