Senado pode votar licenciamento ambiental 'a jato'
O projeto de lei que institui o chamado "licenciamento ambiental especial", relatado pelo senador Blairo Maggi (PR/MT) e de autoria do senador Romero Juca (PMDB/RR), é o quarto item da pauta desta quarta-feira e, segundo interlocutores que acompanham de perto o assunto, tem grandes chances de ser submetido ao plenário do Senado. O governo defende a mudança. Caso aprovado, será enviado para a Câmara e, finalmente, para sanção da presidente Dilma Rousseff (PT).
A Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional aprovou a proposta do "fast track" do licenciamento no dia 24 de novembro. O projeto prevê que as autorizações ambientais de grandes projetos de infraestrutura nas áreas de energia, logística e telecomunicações sejam aglutinadas em uma única licença.
Hoje, esse processo passa por três etapas: a licença prévia, que atesta a viabilidade do projeto; a licença de instalação, que permite o início da obra; e a licença de operação, que confirma a execução de compromissos assumidos pelo empreendedor e, a partir disso, libera o uso comercial do projeto. O projeto estabelece um prazo máximo de até oito meses para que o empreendimento esteja completamente liberado para ser construído e explorado.
Protesto
Um manifesto contra a proposta foi assinado por 135 instituições ligadas à proteção do meio ambiente. "Se o PLS 654 for aprovado no plenário do Senado e depois na Câmara, teriam licenciamento acelerado obras complexas que também podem provocar tragédias e grandes impactos socioambientais, justamente aquelas que especialistas e ambientalistas consideram que necessitam de estudos e autorizações mais cautelosos e eficazes. Entre essas obras, estão hidrelétricas, estradas, hidrovias, portos, linhas de transmissão e comunicação", afirmam as organizações.
O Ministério Público Federal (MPF) também elaborou um parecer que aponta inconstitucionalidade do projeto de lei.
A proposta não prevê a realização de audiências públicas, antes de se decidir pela viabilidade da obra. Cada órgão ligado ao processo de licenciamento, como a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Instituto Chico Mendes (ICMBio) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), passaria a ter um prazo específico de até 60 dias para se manifestar.
Caso algum órgão não cumpra esse prazo, automaticamente fica entendido que ele aprova a obra. Outra alteração diz respeito à consulta de populações que venham a ser atingidas pelos empreendimentos. A regra seria aplicada sobre os projetos considerados prioritários pelo governo federal, ou seja, as grandes obras que seriam listadas anualmente, por meio de uma portaria aprovada pela presidente Dilma Rousseff.