Estados Unidos sobem juros e há risco de saída de recursos do Brasil
A taxa básica de juros que estava entre zero e 0,25%, passa para 0,25% a 0,50%. Com a elevação, entidades como o Banco Mundial (Bird) apostam que países emergentes, como o Brasil, correm o risco de sofrer uma saída de recurso
O banco central norte-americano (Federal Reserve - FED) anunciou nesta quarta, 16, o aumento dos juros nos EUA em 0,25 ponto percentual. É a primeira elevação em quase dez anos, desde junho de 2006.
Com o aumento, a taxa básica de juros, que serve de referência para a remuneração dos títulos públicos americanos e estava entre zero e 0,25%, passa para 0,25% a 0,50%. Com a elevação, entidades como o Banco Mundial (Bird) apostam que países emergentes, como o Brasil, correm o risco de sofrer uma saída de recursos. A preocupação é que, com a melhor remuneração criada após o aumento dos juros, os títulos americanos atrairão recursos aplicados nos países emergentes, de maior risco, pressionando a alta do dólar. O anúncio ocorre no mesmo dia em que a Fitch rebaixa a nota de "bom pagador" do Brasil, dado que é apontado com mais preocupante do que a própria alta de juros nos EUA.
[SAIBAMAIS 3]
Dados recentes reforçaram a confiança dos membros do Fed para começar a aumentar os juros, por exemplo, a criação de 211 mil postos de trabalho em novembro e a manutenção da taxa de desemprego em 5%, próxima da média histórica de 4,5% anterior à crise financeira de 2008. Outro dado positivo foi o índice de inflação, que manteve-se inalterado.
Em novembro, o índice de preços ao consumidor, que exclui alimentos e energia, teve alta de 0,2% pelo terceiro mês consecutivo. Para Angel Ubide, pesquisador do Instituto Peterson de Ecomomia Internacional, o problema do Brasil é bem mais interno e "não foi criado pela economia americana ou pelo Fed". Os juros nos EUA estavam próximos de zero desde dezembro de 2008, quando a crise financeira culminou na falência do banco Lehman Brothers, instalando o pânico nos mercados e mergulhando a economia americana à pior recessão desde a década de 1930. O Fed então cortou a taxa de juros ao mínimo histórico, entre zero e 0,25%, num esforço para impulsionar a recuperação do país. (com agências)