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País precisa de ampla aliança para sair da crise, diz Maria da Conceição Tavares

12:50 | 04/11/2015
Para o Brasil sair da recessão, é preciso recuperar a esperança, com uma aliança ampla com diversos setores da sociedade, para além de uma "aliança de esquerda". E o único caminho é uma política de substituição de importações. A análise foi feita pela economista Maria da Conceição Tavares, professora emérita da UFRJ, em raro discurso após receber, aos 85 anos, uma homenagem em seminário no Rio.

"Hoje é fundamental recuperar a esperança porque a conjuntura está muito adversa", disse Maria da Conceição, que foi ovacionada de pé pela plateia.

A economista não crê na possibilidade de um projeto de desenvolvimento econômico com inserção internacional do País. Mesmo com o câmbio mais favorável, o fim do superciclo de commodities e a desaceleração do crescimento da China, que por sua vez mantém seu esforço exportador, são obstáculos difíceis de transpor.

Por isso, a saída para a economia nacional é "voltar ao começo". "Temos de fazer, por um lado, por razões de conjuntura internacional e interna, um esforço de substituição de importações outra vez e fazer um Estado social de bem estar, porque esse curso dos últimos dez anos não pode ser interrompido", disse Maria da Conceição, ressaltando que é possível manter políticas de distribuição de renda com a substituição das importações e com investimentos em infraestrutura.

Para essa saída dar certo, a professora defendeu uma reforma do Estado e uma ampla aliança entre partidos progressistas, intelectuais, representantes da sociedade civil e empresariado em busca de esperança, assim como foi no movimento das Diretas Já. O lema do PMDB na época da redemocratização era "mudança e esperança", lembrou a economista.

"Precisamos de um trabalho político e paciente e de inteligência estratégica. Espero que isso ocorra antes de eu morrer. Não gostaria de morrer com a situação tão ruim como está, porque aí já é demais", afirmou Maria da Conceição.

Após seu discurso, a professora disse acreditar na esperança. "Maior declínio do que tivemos na ditadura é impossível. Não existe isso de não sair (da crise)", disse a jornalistas.

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