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Volta por cima

01:30 | 24/10/2015
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A trajetória do empresário da construção civil, José Pontes de Melo, o capitão Melo, mostra que ele é acima de tudo um empreendedor. 

Além de fundar, em 1974, e levar adiante por mais de 30 anos a 

Construtora e Imobiliária Melo, se associou a vários outros amigos e empresários para fundar outras construtoras como a Mendonça Aguiar, por exemplo. Na entrevista a seguir capitão Melo fala sobre a Construtora Melo, que chegou a ser uma das maiores do Ceará, os erros que o levaram a pedir concordata, e a volta por cima. Perto de completar 80 anos, ainda comanda uma empresa que constrói casas para o Programa Minha Casa, Minha Vida.

O POVO - Por que o senhor resolveu trocar a segurança da carreira militar pela insegurança do meio empresarial?
José Pontes de Melo (Capitão Melo) - Achei que poderia servir à pátria aqui fora. Quando tomei a decisão tinha convicção de que ia ser muito mais útil à sociedade, ao Ceará e ao Brasil, saindo para construir, dar empregos, alegrias aos compradores de imóveis e ter também um futuro mais confortável na velhice.

OP - Como nasceu a construtora Melo?
Capitão Melo - Após a minha saída do Exército e eu com o desejo fazer uma empresa para os meus filhos. Eu e minha esposa até hoje, Maria Lúcia, fundamos a Construtora e Imobiliária Melo. A ideia da imobiliária era garantir com os imóveis alugados uma aposentadoria porque do Exército eu não teria nada. Eu vendi a nossa casa na rua Torres Câmara, o cheque mais emocionante que já recebi, e comecei a construir em meu próprio nome e em nome de quem tinha terreno.


OP - O que levou a construtora Melo a entrar em dificuldade?
Capitão Melo - Cometi vários erros. Um deles foi acreditar que faturamento era lucro. E me associar a todos que me procuravam para fazer empreendimentos e a responsabilidade financeira era sempre minha. Eu pulverizei a empresa com essas ações construindo em Recife, Natal, São Luiz, Maceió. Eu era artilheiro no Exército e fui construir. Não me preparei para isso corretamente. Fiz inúmeras unidades habitacionais em consórcio com a Cral - Construtora Raimundo Alves, que tinha como sócio o coronel Garcez. Teve consórcios em Recife e Natal com os engenheiros Barbalho e coronel Rebouças, ambos do Exército.

OP
- O que o senhor faria diferente na construtora?
Capitão Melo - Ir contra o meu temperamento e não ter me envolvido em tantos negócios. Assediado por muitos amigos que também queriam crescer fui levado a abrir filiais e a me associar a outros empreendimentos, sendo o responsável pelos recursos. Teve também o problema da inflação altíssima e os clientes, embevecidos pela grande correção da Poupança, desistiam da compra e exigiam devoluções dos sinais para fazer aplicações. Eu pedi concordata. A lei dizia dois anos e já estamos com 21 anos nesse processo.

OP - Qual foi o primeiro imóvel da construtora Melo?
Capitão Melo - O primeiro edifício, de três andares, foi o CralMelo. A Cral era uma construtora de estradas e nós nos associamos para construir o prédio, na rua Pereira Valente.

OP - O senhor teve alguma preparação para ser construtor, empresário da construção civil?
Capitão Melo - Não. Minha preparação foi fazer duas casas em Natal (RN).

OP - Que conselho o senhor dá aos atuais construtores, considerando o momento de instabilidade político-econômica?
Capitão Melo - Que se unam cada vez mais. Que preparem bem seus herdeiros para lhes substituírem. Inclusive, freando um pouco o desejo de enriquecer rapidamente. Que pensem se a forma como estão projetando seus empreendimentos. Que voltem a construir mais para a classe média.

OP - Como está a sua vida hoje?
Capitão Melo - Sou um homem feliz. Tenho um lar excelente. Vivo cercado do carinho dos meus filhos, noras, genros e netos. Tenho boa saúde e estou a caminho dos 80 anos. Sinto muito vigor físico e faço o que mais gosto, que é construir casas semipopulares.

OP – Quais seus negócios atuais?
Capitão Melo - Construo casas em Paracuru e Maracanaú. Casas na faixa de 70m² e todas financiadas pela Caixa com excelente conceito dos engenheiros que avaliam.

OP - Qual o maior legado que a construtora Melo deixou para o Ceará, na sua opinião?
Capitão Melo - Com o advento da Melo inúmeras construtoras surgiram como a Cipeme - Pedro Mesquita - Nossa Senhora de Fátima e outras. Empregos mil para nossos trabalhadores, corretores etc. Finalmente, despertou os cearenses para construir e hoje posso dizer: já fizeram muito mais que a Melo em 20 anos.

OP - Qual foi a pior crise econômica que o senhor viveu como empresário?
Capitão Melo - Foi em 1994. O plano real nasceu para solucionar essa grande crise de inflação altíssima e o povo todo desorganizado. Mas, não tão grave quanto a de hoje. Porque hoje a crise econômica está associada à crise moral. Pelo menos não se tinha notícia como se tem hoje.

OP -
Vários dos empresários donos de construtoras hoje passaram pelo comando do senhor no Colégio Militar de Fortaleza?
Capitão Melo - Sim. Entre eles o José Carlos, da Marquise, e o Ronaldo, da Colmeia. O José Carlos Nogueira da Gama foi trabalhar comigo na construtora Melo quando ainda nem era formado. Depois que se formou engenheiro continuou comigo ainda por algum tempo para depois fundar a própria construtora.

 

Íntegra

Veja a entrevista
completa em http://bit.ly/1NqrLKe

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