Bolsa despenca e mercado vê pouca chance de melhora
Só em junho foram registradas perdas de 11,31%, quase metade da queda acumulada em 2013. Trata-se do pior primeiro semestre do Ãndice Bovespa desde 1972, quando houve queda de 31,44%, segundo levantamento feito pela empresa de dados financeiros Economática, a pedido do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Naquela época, o mundo enfrentava a crise do petróleo - que provocou recessão e elevou a inflação em vários paÃses.
Se a comparação for feita com todos os semestres, e não apenas com a primeira metade do ano, as coisas mudam. A eclosão da crise global em 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers, teve impacto maior nas ações do que a crise do petróleo. Na segunda metade de 2008, o Ibovespa registrou a maior perda semestral da história, com queda de 42,25%.
Humor
Para o analista sênior do BB Investimentos, Hamilton Alves, boa parte da deterioração recente da Bolsa está relacionada à mudança no humor dos investidores, diante da apreensão sobre o fim dos estÃmulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). Quando o Fed retirar os estÃmulos para a economia, haverá redução de dólares no mercado e fuga de capitais dos paÃses emergentes para os Estados Unidos. Os investidores já estão antecipando este movimento.
Também pesa sobre a Bolsa o rebaixamento da perspectiva da nota de risco de crédito (rating) do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & PoorÂ?s (S&P). A ameaça de mudança na nota é reflexo das dúvidas sobre a polÃtica econômica e pode limitar a entrada de recursos no Brasil. "Ã? um fator muito sério, porque impede muitos fundos de aplicarem no PaÃs", disse Alves.
Os protestos de rua também afetaram a Bolsa. Para acalmar os manifestantes, prefeituras, governos estaduais e governo federal suspenderam reajustes de tarifas de ônibus, de pedágio e de energia elétrica. Aos olhos dos investidores, aumentou o risco polÃtico de se aplicar recursos em companhias concessionárias de serviços públicos.
Alguns investidores gostariam de ver outras mudanças na economia. "Ã? preciso um choque de gestão. O que está vindo agora traz apenas melhoras pontuais. Há ainda a complicação nos paÃses emergentes, como China e Turquia", disse o gestor de ativos da Infinity Asset, George Sanders.
Perspectiva
Se o inÃcio do ano é um perÃodo para se esquecer, os últimos seis meses de 2013 não são promissores. Para os profissionais consultados pelo Broadcast, para a Bolsa se recuperar seria preciso uma melhora da economia brasileira e do ambiente de negócios internacional.
"Aqui está mais fragilizado por causa da fraqueza econômica e os ruÃdos polÃticos, enquanto os mercados globais ainda buscam um equilÃbrio após o Fed", avaliou o economista da Ã?rama Investimentos Ãlvaro Bandeira. Sanders, da Infinity, lembrou que a alta do dólar também deve ser um fator negativo para os resultados trimestrais das empresas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.