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BIS: dólar ganha força porque emergente cresce menos

19:03 | 09/12/2012
Ao contrário do que temiam alguns economistas, a política de afrouxamento monetário adotada pelas grandes economias em crise não fez com que moedas emergentes, como o real, subissem rapidamente. A constatação foi feita pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). Em relatório divulgado neste domingo (9), a instituição afirma que, ao contrário, foi o dólar que ganhou força porque países emergentes têm crescido menos e por iniciativas para proteger moedas, como as intervenções do Banco Central do Brasil - estratégia destacada pelo BIS.

No principal capítulo do "Quarterly Report", economistas do BIS avaliam a evolução recente da política monetária global e seu impacto sobre os mercados. Nessa análise, há um trecho dedicado especialmente às moedas emergentes. "A flexibilização da política monetária em economias avançadas elevou as expectativas de que o capital internacional poderia fluir para mercados emergentes, causando apreciação dessas moedas", diz o texto, ao lembrar que essa percepção foi construída após a flexibilização da política monetária vista em 2010 e 2011 e que resultou na queda do dólar em mais de 5%.

"Desta vez, porém, o dólar dos EUA se apreciou nos três meses a partir do início de setembro tanto em relação a uma série de moedas de países emergentes como também ante uma cesta de moedas", diz o documento. "As perspectivas mais suaves de crescimento nos mercados emergentes explicam, em parte, porque essas moedas e os fluxos de capital reagiram de maneira diferente", explicam os economistas do BIS, ao comentar que o quadro menos otimista reduziu a atratividade dos emergentes como destino de recursos.

Além de essas economias estarem com ritmo mais fraco, o documento do BIS destaca que "várias economias também usaram medidas em uma tentativa de interromper a apreciação de suas moedas nesse período". "O Banco Central brasileiro interveio no mercado de moedas estrangeiras e os operadores de câmbio tiveram a impressão que outros bancos centrais na América Latina e no Leste da Ásia também estavam em ação", destaca o documento.

Após a intervenção brasileira, o documento cita outras iniciativas. Na República Tcheca, por exemplo, o BC anunciou que considerava intervir no mercado de cambio em razão da trajetória da divisa. Na Coreia do Sul, autoridades apertaram o mercado de outra forma, mas com o mesmo objetivo: reduziram o espaço para exposição aos derivativos do mercado cambial. "Todas estas medidas foram, geralmente, associadas com valores mais estáveis das moedas", conclui o documento, que não faz nenhum julgamento de valor sobre as medidas adotadas por autoridades como o BC do Brasil.

O impacto da estratégia de afrouxamento monetário em países como os Estados Unidos tem sido um dos principais temas dos discursos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao longo dos últimos meses. Ao classificar o cenário como de "guerra cambial", o ministro defende que essa estratégia prejudica diretamente países emergentes, que acabam recebendo parte importante dos recursos.

Na prática, para o ministro, isso resulta em uma desvalorização artificial das moedas de economias maduras - como o dólar, o que favorece as exportações desses países. O documento do BIS, no entanto, mostra que, com o crescimento cada vez mais fraco e medidas, o cenário temido por Mantega não se confirmou.

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