São Paulo, 4 - A empresa de consultoria de engenharia e obras Tecnosolo comunicou ontem ao mercado que entrou com pedido de recuperação judicial. De acordo com fato relevante divulgado pela companhia, o pedido mostrou-se inevitável, "a despeito dos esforços da administração junto a credores e potenciais investidores", devido ao "imperativo de proteger a continuidade de suas atividades, em benefício dos empregos por ela gerados, dos recolhimentos de impostos e do atendimento aos seus clientes".

Fundada em 1957, a Tecnosolo se especializou a princípio em investigações geotécnicas, área dominada por seu fundador, o engenheiro Antonio José da Costa Nunes. A empresa ampliou sua atuação para a área de serviços especiais de engenharia nos anos 70 e abriu seu capital na Bolsa do Rio em 1973.

Nos anos 80, a Tecnosolo passou a prestar consultoria de engenharia e, dentro do conceito de "Engenharia Total", entrou no ramo da construção, tendo sido responsável por obras como a arena multiuso para os Jogos Panamericanos de 2007 e de vários projetos na área de saneamento.

Com problemas de endividamento, a empresa passa por dificuldades. Em maio, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de João Monlevade (MG) fez protestos contra atrasos de pagamentos e falta de condições de trabalho em obras tocadas pela empresa para a ArcelorMittal.

O último resultado financeiro divulgado pela companhia mostrou lucro líquido de R$ 1,1 milhão no exercício de 2011. Em seu relatório de administração, a companhia informou que fechou o ano de 2011 com um faturamento de R$ 114 milhões e que detinha uma carteira de serviços a realizar da ordem de R$ 146 milhões, com prazo médio de dois anos, sendo 60% desse total composto por obras públicas, muitas delas no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A Tecnosolo informava ainda que estava desenvolvendo um forte programa de reestruturação administrativa e financeira, visando readequar a sua estrutura de financiamentos. De fato, a empresa acertou no início de 2012 um acordo de capitalização num valor de até R$ 65 milhões com o fundo norte-americano Global Emerging Markets (GEM).