Incentivos não impulsionaram criação de negócios
No universo da indústria extrativa e de transformação, o número de empresas aumentou 0,22% na passagem de 2009 para 2010, de 299.082 para 299.753 empresas. No entanto, o montante ainda ficou 3,02% menor que a quantidade registrada em 2008, quando o País possuía 309.089 empresas industriais.
"A decisão de novos investimentos e de abertura de empresas depende de outras variáveis que não só os incentivos, por exemplo, de desoneração tributária que o governo fez, com redução de IPI e Cofins. Isso incentivou muito mais o consumo do que a abertura de empresas", avaliou Rodrigo Lobo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.
As medidas tomadas pelo governo à época remetem às novas tentativas feitas pelo governo de impulsionar a atividade econômica brasileira em meio a um ambiente de crise na Europa. Após a desaceleração na economia iniciada em 2008, que culminou em um recuo de 0,3% no PIB do País em 2009, a equipe econômica tomou algumas ações direcionadas ao setor industrial, como redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) nas atividades de eletrodomésticos, veículos automotores, produtos da construção civil, móveis e bens de capital.
Além disso, houve eliminação da incidência do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) nos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outras medidas para incentivar a aquisição de bens de capital e reduzir o custo do investimento.
Como resultado, os investimentos realizados pela indústria no ativo imobilizado chegaram a R$ 145,058 bilhões em 2010, após um resultado de R$ 130,587 bilhões em 2009. No entanto, não houve recuperação do investimentos verificado de 2007 para 2008, quando passou de R$ 117,077 bilhões para R$ 137,810 bilhões.
Segundo o IBGE, mesmo com tantos estímulos ao investimento e à produção interna, a indústria não foi capaz de crescer no mesmo ritmo da demanda interna. "A velocidade de crescimento da demanda interna, motivada pelo aumento da renda, do emprego e das condições do crédito, foi muito maior do que a capacidade das empresas de forma geral de se estruturar para atender a essa demanda crescente. Isso fez com que o volume de importações em 2010 fosse bastante significativo, tanto de bens de capital quanto de bens de consumo", notou Lobo.
A pesquisa toma como exemplo o setor automotivo, cuja balança comercial passou de um superávit de US$ 5,1 bilhões em 2007 para um déficit de 6,9 bilhões em 2010, apesar de todos os incentivos do governo à cadeia produtiva nacional. "A balança comercial mostra, de 2007 a 2010, um aumento muito mais expressivo das importações do que das exportações. Dá para perceber isso pelo caso dos veículos automotores, mas o mesmo também é verdadeiro para o resto da indústria", ressaltou o pesquisador do IBGE.
A pesquisa do IBGE também trouxe boas notícias, como o aumento do pessoal ocupado na indústria em 2010, para 8,382 milhões, contra 7,878 milhões em 2009. No mesmo período, a média de pessoal ocupado por empresa saiu de 26 para 28 trabalhadores. A receita líquida de vendas aumentou de R$ 1,666 trilhão em 2009 para R$ 1,958 trilhão em 2010. Já os gastos com pessoal saíram de R$ 240,123 bilhões para R$ 278,093 bilhões. O valor adicionado avançou de R$ 484,428 bilhões para R$ 602,613 bilhões.