Cientistas transformam plástico pet em materiais de captura de CO2
A solução é um potencial ganho mútuo em escala global, no qual os resíduos plásticos não apenas não acabam na natureza, mas também se tornam um ator ativo na mitigação climática
21:31 | Set. 07, 2025
Os químicos da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, desenvolveram um método para converter resíduos de plástico pet, um dos tipos de plástico mais utilizados no mundo, em um recurso valioso. O método permite que esses resíduos sejam usados para a captura eficiente e sustentável de CO2.
O artigo científico foi publicado na revista Sciences Advances e descreve o processo químico por trás da invenção.
Segundo os pesquisadores, os plásticos pet em decomposição são convertidos em um novo material chamado Baeta, capaz de capturar eficientemente o CO2. Este processo visa abordar duplamente os desafios ambientais da poluição plástica e das emissões de gases de efeito estufa.
Os autores da pesquisa enfatizam que esta tecnologia não compete com a reciclagem de plásticos como já existe hoje. Isso porque o novo método é particularmente adequado para plástico pet de baixa qualidade, colorido, misturado ou já decomposto, que é difícil de reciclar por outros meios. Ou seja, a técnica complementaria os esforços de reciclagem existentes em vez de competir com eles.
Aquecimento da atmosfera terrestre já pode ser chamado de ebulição global; ENTENDA
"A beleza desse método é que resolvemos um problema sem criar um novo. Ao transformar resíduos em matéria-prima que pode reduzir ativamente os gases de efeito estufa, tornamos uma questão ambiental parte da solução para a crise climática", afirma Margarita Poderyte, do Departamento de Química da Universidade de Copenhague, autora principal do artigo científico.
Jiwoong Lee, coautor do estudo, destaca que o material pode criar um incentivo econômico muito concreto para limpar os oceanos do plástico, mostrando que os problemas climáticos e ambientais não são isolados e suas soluções também não devem ser.
“Uma das coisas impressionantes sobre este material é que ele permanece eficaz por muito tempo. E flexível. Ele funciona eficientemente desde a temperatura ambiente normal até cerca de 150 graus Celsius, o que o torna muito útil. Com essa tolerância a altas temperaturas, o material pode ser usado no final de plantas industriais, onde os gases de escape costumam ser quentes”, diz Jiwoong Lee.
Solução para crise climática
De acordo com os pesquisadores, esta inovação resolve um problema sem criar um novo, transformando uma questão ambiental em parte na solução para a crise climática. Ao invés de o plástico acabar na natureza, ele se torna um agente ativo na mitigação climática.
O material Baeta é apresentado como uma solução sustentável, flexível e escalável para a captura de carbono, especialmente em ambientes industriais de alta temperatura.
Os cientistas esperam que esta invenção crie um incentivo econômico para a remoção de plástico dos oceanos e transforme a percepção dos problemas climáticos e ambientais como questões interligadas.
Eles também esperam que a tecnologia Baeta seja instalada primeiro em plantas industriais. A ideia é que os gases de escape dos exaustores das chaminés dessas plantas passem por unidades Baeta para serem purificados do CO2.
Isso é particularmente útil porque o material Baeta funciona eficientemente desde a temperatura ambiente normal até cerca de 150ºC. Essa tolerância a altas temperaturas o torna muito eficaz para ser usado no final de plantas industriais, onde os gases de escape costumam ser quentes.
Após ser capturado pelo material Baeta e posteriormente liberado através de um processo de aquecimento, o CO2 pode ter dois usos principais.
O primeiro deles é o processo de armazenamento no subsolo. Aqui o CO2 concentrado e coletado pode ser armazenado de forma segura no subsolo. O outro é o de conversão em um recurso sustentável, pelo qual o CO2 pode ser utilizado em usinas.
Em peso, o plástico pet é mais de 60% carbono, e essa capacidade inerente é aumentada pela adição de etilenodiamina, um composto conhecido por sua capacidade de ligar CO2.
O processo de decomposição do polímero plástico em monômero confere ao material uma composição química altamente eficiente na extração e ligação do CO2 do ar.