Maranguape é escolhido como município-piloto para vacinação contra dengue no Brasil

Cidade cearense receberá primeiras doses do imunizante nacional de dose única em estratégia do Ministério da Saúde para avaliar impacto populacional da vacina

06:00 | Dez. 23, 2025

Por: Victor Marvyo
SUS adquire primeiras 3,9 milhões de doses da vacina 100% nacional contra dengue. (foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

Em contrato para a aquisição das primeiras doses da vacina contra a dengue, assinado na sexta-feira passada, 19, o município de Maranguape, a 21 km de Fortaleza, foi escolhido para integrar uma ação de aceleração da vacinação como município-piloto no Brasil. O imunizante, de dose única e com produção 100% nacional, é o primeiro do mundo com essas características contra a doença.

A estratégia, coordenada pelo Ministério da Saúde (MS), tem como objetivo avaliar o impacto do novo imunizante na dinâmica populacional da dengue. A vacina será ofertada exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026.

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Maranguape se destaca em vigilância

De acordo com a pasta, Maranguape foi selecionado pela qualidade das ações de vigilância em saúde desenvolvidas no município e pela ausência, até o momento, de circulação expressiva do sorotipo DENV-3 (vírus da dengue tipo 3), considerado um dos fatores de maior risco para surtos da doença.

Com o acordo firmado, o Ministério da Saúde prevê um investimento de R$ 368 milhões para o fornecimento inicial de 3,9 milhões de doses à rede pública de saúde em todo o País.

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Estratégia inclui adolescentes e adultos

Com a chegada das primeiras doses, prevista já para o início do próximo ano, Maranguape foi definida, de forma estratégica, como município-piloto ao lado de Botucatu, no interior de São Paulo. Nessas localidades, o público-alvo da vacinação será composto por adolescentes e adultos com idades entre 15 e 59 anos.

A definição do grupo prioritário ocorreu após reunião técnica com especialistas da área, seguindo recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), responsável pela análise de dados científicos e pela formulação das estratégias de vacinação no País.

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Eficácia supera 70% em testes clínicos

Desenvolvida com a tecnologia de vírus vivo atenuado — método já utilizado em diversas vacinas aplicadas no Brasil —, a nova vacina apresentou eficácia global de 74,4% na população entre 12 e 59 anos. Isso significa que cerca de 74% dos casos da doença foram evitados entre as pessoas vacinadas durante os estudos clínicos.

A principal diferença entre as vacinas da dengue disponíveis e em aprovação no Brasil está no esquema de doses — uma dose para a vacina do Butantan e duas para a Qdenga — e na logística de produção: nacional versus importada. Ambas são vacinas de vírus atenuado e tetravalentes, que protegem contra os quatro sorotipos do vírus.

Casos de dengue apresentam queda no Ceará e no Brasil

Em relação ao cenário epidemiológico, o Ceará registra atualmente 5,6 mil casos prováveis de dengue, o que representa uma redução de aproximadamente 54% em comparação com o mesmo período de 2024, quando foram notificados 12,2 mil casos.

Quanto aos óbitos, o Estado confirmou três mortes neste ano, número inferior ao registrado em 2024, quando houve oito confirmações.

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No cenário nacional, até outubro deste ano, o Brasil contabilizou 1,6 milhão de casos prováveis de dengue, uma queda de 75% em relação ao mesmo período de 2024. O número de óbitos também apresentou redução significativa: foram 1,6 mil mortes até outubro, representando uma diminuição de 72% na comparação com o ano anterior.