Técnico de informática é suspeito de extorquir mais de 400 mulheres no CE

Ele usava de redes sociais como Instagram, Facebook, WhatsApp e Telegram para exigir dinheiro em troca de não expor fotos íntimas das vítimas

16:31 | Abr. 12, 2022

Conversas do técnico de informática abordando vítimas para extorqui-las (foto: reprodução/Polícia Civil)

Matheus Fernandes Alves, de 27 anos, é suspeito de extorquir mais de 400 mulheres em todo o Ceará. Ele usava de redes sociais como Instagram, Facebook, WhatsApp e Telegram para abordar as vítimas e ameaçar expor fotos íntimas delas, conforme a investigação. Assim, ele chegaria a exigir que as mulheres fizessem vídeos íntimos e, de posse das imagens, pediria mais dinheiro e até mensalidades para não divulgar o material. O homem foi preso na sexta-feira, 8, pela Polícia Civil, que cumpriu mandado de prisão e de busca e apreensão.

A Polícia informou que Matheus realizava manutenção em aparelhos celulares e, de posse dos telefones, criava contas com os dados dos clientes. A partir disso ele procurava mulheres e afirmava ter sido contratado para prejudicá-las expondo imagens íntimas. O que era mentira, a iniciativa partia dele, conforme a investigação policial.

Algumas mulheres, em situação de vulnerabilidade, chegavam a pagar valores mensais para não serem expostas.

O técnico ainda teria usado mecanismos de disparos de mensagens automáticas para diversas vítimas, sendo que a maioria seria um blefe. De acordo com a Polícia, o homem coagia as mulheres a gravar vídeos, para sua satisfação pessoal, para que ele não divulgasse as imagens intimas. Uma prática que configura estupro virtual.

Duas investigações, sendo uma da Delegacia Regional de Quixadá e uma do 5º Distrito Policial, acabaram por encontrar semelhanças. O trabalho integrado da Polícia Civil chegou ao suspeito. O perfil dele, conforme o delegado José Anchieta, é de uma pessoa vaidosa, que "se acha muito inteligente e sarcástico".

Técnico participava de grupo de WhatsApp para aquirir redes de Wi-fi clandestinas 

O suspeito possuía um grupo de WhatsApp para adquirir redes clandestinas no nome de terceiros sem o conhecimento e sem autorização dessas pessoas, informou a Polícia. Nesse grupo, ele teria se vangloriado do dinheiro que conseguia com as práticas ilícitas. Matheus é investigado por estupro virtual, constrangimento ilegal, divulgação de foto íntima e lavagem de dinheiro, pois usaria contas bancárias de terceiros.

Inicialmente, ele negou todas as acusações, mas, posteriormente, confessou os crimes e colaborou com as investigações em busca de benefícios. No começo, de acordo com o delegado Marcos Renato, titular da delegacia de Quixadá, o homem disse que não ia fornecer as senhas dos aparelhos celulares que utilizava e que "preferia a morte a dar a Polícia Civil esses acessos". Quando se deparou com a quantidade de provas contra ele, passou a repassar todos os dados à equipe. "São 497 páginas de provas contra ele", relata o delegado. 

Uma das mulheres que procurou o 5º DP era extorquida desde 2021, revelou o delegado José Anchieta. Ela pagava R$ 200 todo mês e estava desesperada. "Ela entrou na sala aos prantos." Para  o delegado, a prática de extorsão vem acontecendo há anos. Matheus ainda chegou a registrar um Boletim de Ocorrência (B.O) em 2014 afirmando que existia um fake (perfil falso) dele que estava ameaçando mulheres e pedindo dinheiro em troca de expor imagens íntimas delas. Isso teria sido uma tentativa de enganar as autoridades.

Os delegados orientam a quem tenha sido vítima de um crime com essas características que procure as delegacias da Polícia Civil. Mesmo que não tenha sido pago o valor, o delito pode ocorrer como tentado ou consumado. A recomendação da Polícia Civil é que em caso de crime de extorsão, a vítima não pague os valores exigidos e procure uma delegacia para registrar o caso.