Em 2020, Ceará teve cerca de 12 mil atendimentos de proteção contra violência doméstica

Em Fortaleza, a maior parte dos atendimentos foi para mulheres jovens, pardas, com ensino médio completo e moradoras da Regional V

12:05 | Fev. 12, 2021

O homem já tinha passagens por homicídio doloso, porte ilegal de arma e invasão a domicílio (foto: ©ARIEL GOMES)

De janeiro a dezembro de 2020, 11.803 atuações para assistência jurídica e psicossocial de mulheres vítimas de violência foram realizadas pelos Núcleos de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Ceará. Cada vítima que procura o órgão pode abrir mais de um procedimento que visa a reparação e garantia de direitos, a exemplo de ações de divórcio, pensão alimentícia e partilha de bens.

Mulheres vítimas de qualquer forma de violência, ocorrida no ambiente doméstico ou não, por familiares ou por quem tenha relação íntima de afeto, podem contar com o atendimento para que os seus direitos sejam assegurados. A assistência é nas sedes em Fortaleza e no Cariri - que atende às mulheres de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha.

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“O ano de 2020 foi desafiador em vários aspectos para todos, mas no Nudem tivemos que superar um desafio ainda maior, que era cuidar dessa mulher vítima de violência, sem ela sair de casa para denunciar por conta da pandemia do novo coronavírus. Até hoje, isso ainda precisa ser superado, porque essa mulher encontra limitações ainda maiores para denunciar os abusos", contextualiza a defensora pública Jeritza Lopes, supervisora do Nudem Fortaleza.

Perfil das mulheres

 

Em Fortaleza, a maior parte dos atendimentos (41,2%) foi para mulheres com idades entre 26 a 35 anos. “Essa é a faixa etária de pessoas que mais utilizam as redes sociais e imaginamos que, como as mulheres estavam em período de teletrabalho, elas buscaram os nossos atendimentos remotos e por meio das redes sociais”, explica a psicóloga Úrsula Goes.

Ainda de acordo com os dados, a maioria dessas mulheres é parda (72,03%), possui ensino médio completo (38,5%) e vem da Regional V (31,7%), seguido das Regionais VI (23,6%), III (13,7%) e IV (8,5%). A psicóloga destaca que muitas relataram que estavam em um relacionamento abusivo e violento.

“Não é preciso ser agredida fisicamente para ser vítima. A violência psicológica é muitas vezes negligenciada até por quem sofre, porque a pessoa não consegue perceber que ela vem mascarada pelo ciúme, controle, humilhações, ironias e xingamentos. A pandemia reforçou esse tipo de comportamento dentro dos relacionamentos", complementa Úrsula. "E nós estamos aqui para apoiá-la no que for necessário.”

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Serviço

 

Durante a pandemia do novo coronavírus, o atendimento remoto tem tido prioridade na instituição e é realizado principalmente por telefone, mensagem de celular e e-mail. O atendimento presencial é realizado mediante agendamento.

Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher – Nudem Fortaleza


Endereço: rua Tabuleiro do Norte, S/N, Couto Fernandes (Casa da Mulher Brasileira)
Atendimento Geral: (85) 3108.2986 – das 8h às 17h
Atendimento Psicossocial: (85) 98560 – 2709, das 8h às 14h/ (85) 99294 – 2844, das 11h às 17h

Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher – Nudem Cariri


Endereço: travessa Iguatu, 304, Santa Luzia, Crato
Contato: (88) 3521.2506

Com informações da  Defensoria Pública do Estado do Ceará