Lázaro Ramos revisita infância e discute desigualdades no Brasil
Em entrevista, Lázaro Ramos relembra uma lembrança marcante da infância para discutir desigualdade, racismo estrutural e o papel da arte na transformação social
16:51 | Nov. 30, 2025
Durante entrevista ao Globo Repórter - Personalidades, Lázaro Ramos voltou à própria infância para explicar como experiências pessoais marcaram seu olhar sobre desigualdade e moldaram sua trajetória artística.
Reconhecido como um dos atores mais importantes da teledramaturgia brasileira, ele atuou em novelas como "Cobras&Lagartos", "Insensato Coração" e "Elas por Elas". Lázaro é casado com a atriz Taís Araújo e, juntos, eles têm João Vicente e Maria Antônia.
"Vi minha mãe tomar um tapa da empregadora"
O ator relembrou um episódio vivido pela mãe, Dona Célia, quando ela trabalhava como empregada doméstica, uma memória que, segundo ele, ainda orienta suas escolhas, sua percepção do País e sua forma de criar os filhos.
"Vi minha mãe tomar um tapa da empregadora", disse o ator global durante a conversa com a jornalista Sandra Annenberg. "Os momentos que eu ia para a casa da empregadora dela, eu ficava trancado no quartinho", explicou o ator.
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Lázaro utilizou a lembrança como ponto de partida para discutir o Brasil que conheceu criança e o que ainda enxerga como adulto. Para ele, situações de violência e hierarquia social dentro das casas refletiam uma estrutura maior, que segue presente.
“Aquilo mudou a forma como eu passei a observar as relações”, disse durante o programa, ao mencionar que a cena marcou seu entendimento sobre "dignidade e respeito".
Ao longo da conversa, o ator contextualiza a lembrança em um percurso mais amplo, que envolve a infância na Bahia, o início no teatro e a descoberta da arte como ferramenta de transformação.
Ele reforça que, apesar das dificuldades, encontrou no afeto familiar e na escola pública os primeiros espaços onde imaginou outras possibilidades de vida.
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Lázaro também falou sobre o impacto que episódios como esse tiveram na maneira como ele enxerga o racismo estrutural e a própria responsabilidade enquanto figura pública.
Ao refletir sobre a criação dos filhos, destacou o desejo de oferecer referências positivas e, ao mesmo tempo, não ignorar as tensões que ainda atravessam a experiência de famílias negras no Brasil.
A entrevista retomou temas que acompanham o ator ao longo da carreira: a importância da representatividade no audiovisual, o compromisso com narrativas mais diversas e o desejo de construir personagens que dialoguem com a complexidade brasileira.