Guia relata últimos momentos de Juliana Marins no Monte Rinjani
Em entrevista a podcast, jovem indonésio diz que brasileira gritava por socorro após queda em penhasco; caso segue sob investigação na Indonésia
18:39 | Ago. 03, 2025
O guia Ali Musthofa, de 20 anos, que acompanhava a brasileira Juliana Marins, de 26, durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, relatou os últimos instantes em que a viu com vida.
Em entrevista a um podcast local, o jovem afirmou que Juliana gritava por socorro após cair em um penhasco. “Eu gritava para ela não se mover”, relembrou.
Juliana caiu durante uma expedição ao segundo vulcão mais alto da Indonésia, em junho deste ano. O corpo da publicitária, natural de Niterói (RJ), foi encontrado quatro dias depois do acidente, após intensas buscas.
Segundo Ali, Juliana demonstrava cansaço extremo no percurso. "Ela era a mais lenta, estava muito cansada. Disse para ela esperar ali enquanto eu checava os outros. Quando voltei, ela não estava mais lá", contou segundo apuração do G1 Rio de Janeiro.
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‘Me ajuda’: a tentativa de sobrevivência da brasileira
Ali Musthofa afirmou que Juliana havia contratado um pacote de trilha compartilhado, recusando o serviço de guia exclusivo, que custaria cerca de US$ 100 (aproximadamente R$ 500 na cotação atual) a mais. Por isso, ele tinha que dividir a atenção entre seis turistas.
"Eu esperei 30 minutos, e ela não chegou. Voltei ao último lugar e não encontrei nada, mas vi uma lanterna a 150 metros para baixo. Tive a sensação de que era a Juliana. Eu entrei em pânico", disse o guia.
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Mesmo após a queda, Musthofa manteve esperança de encontrá-la com vida. Ele relatou que permaneceu no local por dois dias, acompanhando as buscas e gritando para que ela não se movesse.
"Acredito que ela tentou sair. Quando ela queria tentar o caminho para cima, ia mais para baixo. Eu gritava: ‘nunca se mova’. E ela só conseguia dizer ‘me ajuda’", contou.
Guia é afastado e pede perdão à família de Juliana Marins
Após o acidente, Ali Musthofa foi proibido de atuar como guia e está impedido de retornar ao Monte Rinjani, mesmo como turista. Emocionado, ele pediu desculpas à família de Juliana.
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“Não tive intenção de abandonar ninguém. Só queria garantir a segurança de todos. Falei com a família dela na Embaixada do Brasil. O pai dela me disse: ‘você matou minha filha’. Vou aceitar as consequências. Fiz o máximo para salvá-la, mas Deus quis outra coisa”, declarou ele no podcast.
Relembre o caso Juliana Marins
Juliana caiu na cratera do Rinjani no sábado, 21 de junho. Dois dias depois, drones térmicos localizaram a brasileira com sinais de vida. No entanto, as equipes de resgate só conseguiram alcançar o local na terça-feira, 24, quando ela já estava sem vida.
Peritos brasileiros acreditam que Juliana pode ter sobrevivido por até 32 horas após a queda. O corpo foi resgatado na quarta-feira, 25, e chegou ao Brasil no início de julho.
No dia 2 de julho, a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma nova necropsia no corpo da publicitária, a pedido da família. O procedimento foi conduzido por dois peritos legistas no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IMLAP), com acompanhamento da Polícia Federal e de um assistente técnico da família.
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