Brasileira é localizada em vulcão na Indonésia; veja últimas notícias sobre Juliana Marins

Brasileira desapareceu há mais de 60 horas após cair em trilha de vulcão na Indonésia. Família cobra resgate e denuncia omissão da embaixada

12:17 | Jun. 23, 2025

Por: Mateus Brisa
Equipe de resgate localizou jovem brasileira que desapareceu em trilha de turismo. Buscas seguem nesta segunda, 23 (foto: Reprodução/ Instagram@resgatejulianamarins)

Desaparecida desde a última sexta-feira, 20, a brasileira Juliana Marins, de 26 anos, ainda não foi resgatada, embora sua localização exata tenha sido descoberta.

Ela realizava uma trilha pelo vulcão do Monte Rinjani, na Indonésia, quando caiu e se perdeu. A Agência Nacional de Busca e Salvamento da Indonésia (Basarnas) informou que ela foi localizada, com a ajuda de um drone com sensor térmico, por volta das 7 horas desta segunda-feira, no horário local (20 horas de domingo na hora de Brasília).

A brasileira foi avistada imóvel a cerca de 500 metros do ponto onde caiu. A área é rochosa e acentuadamente íngreme.

Segundo confirmou a família de Juliana por meio de conta criada no Instagram (@resgatejulianamarins), o acesso ao local onde a fluminense está é “extremamente severo”, com dificuldade de acesso, e as ações para o resgate avançam lentamente.

A procura pela jovem foi interrompida por volta de 16 horas (horário local) — cerca de 6 horas desta segunda, 23, no horário de Brasília.

A família criticou o fato de, durante o período de buscas, a equipe ter avançado 250 metros e terem recuado. “Juliana vai passar mais uma noite sem resgate por negligência! Ela segue sem água, comida e agasalhos por 3 dias!”, destaca em publicação.

“O parque segue com sua atividade normalmente, turistas continuam fazendo a trilha enquanto Juliana está precisando de socorro!”, escreveram os familiares.

Os parentes de Juliana divulgaram que estão em contato direto com o time de resgate e recebendo informações. Por volta das 9 horas (horário de Brasília), perto das 19h na Indonésia, a informação mais recente é de que dois guias experientes seguiam na trilha a caminho do acidente levando equipamentos específicos para o resgate.

“Ainda não sabemos se há condições na continuidade do resgate após a chegada deles ao lugar, mas sabemos que há reforço qualificado chegando.”

Desaparecimento de brasileira: auxílio de brasileiro no local

Por meio das redes sociais, a família de Juliana contatou Akinori Mendes, criador de conteúdo sobre finanças, que está na Indonésia e se disponibilizou para auxiliar na comunicação local. Ele pegou um barco e chegou em Lombok, ilha onde fica o vulcão, por volta das 10 horas (horário local) desta segunda-feira.

O objetivo, segundo narrou no Instagram, é pressionar as autoridades e buscar informações reais e atualizadas. Pouco depois da chegada dele, a equipe de resgate começou a descer até onde Juliana foi avistada.

Akinori explicou que a região é um ambiente de alta montanha, com obstáculos naturais que dificultam acesso até por helicóptero e drones

Resgate interrompido e nova previsão

Novos profissionais e equipamentos de resgate chegaram no local pouco após 14 horas (horário local). Por volta de 16 horas, porém, o resgate foi interrompido devido à nebulosidade do local e para evitar riscos com o iminente escurecimento da montanha.

“Me coloco no lugar dela, também gosto de montanhismo. E você paga taxa cara, porque em tese ali tem resgate. Mas o que vi foi muita trapalhada, muita desorganização”, contou Akinori.

“Acho que a ideia é botar a boca no trombone, e mostrar o que está acontecendo. Objetivo é incomodar e cobrar um resultado o quanto antes”.

As últimas notícias, dadas por volta das 19 horas locais, a operação de resgate foi encerrada por esta segunda-feira e não haverá operações durante a noite.

O criador de conteúdo acrescentou que, conforme informação que obteve com o comandante do resgate, a saída da equipe foi adiantada para as 3 horas da madrugada desta terça-feira, 24 (17 horas de segunda-feira, no Brasil). O deslocamento até o ponto do acidente leva entre 30 minutos e uma hora.

Já o resgate por helicóptero está previsto para acontecer entre 11 horas e 12 horas (horário local) — cerca de 1 hora da madrugada, no horário de Brasília.

Desaparecimento de brasileira: o que aconteceu e como é a trilha no vulcão?

Segundo informações da Agência Brasil, Juliana realizava uma trilha no vulcão Rinjani, quando teria escorregado e caído em uma área de difícil acesso durante o trajeto.

O acidente ocorreu na madrugada de sábado, 21 (horário local), ainda sexta-feira no Brasil, e desde então, equipes de resgate têm enfrentado obstáculos severos para alcançar a jovem. A região é conhecida por sua geografia acidentada e atividade vulcânica constante.

Em entrevista ao O Globo, o guia Ali Musthofa, que acompanhava o grupo de Juliana, confirmou os relatos da imprensa local de que aconselhou a niteroiense a descansar enquanto seguia andando.

“Não a deixei, mas esperei três minutos na frente dela. Depois de uns 15 ou 30 minutos, a Juliana não apareceu. Procurei por ela no último local de descanso, mas não a encontrei. Eu disse que a esperaria à frente. Eu disse para ela descansar. Percebi [que ela havia caído] quando vi a luz de uma lanterna em um barranco a uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz da Juliana pedindo socorro. Eu disse que iria ajudá-la”, disse Musthofa.

Como é a trilha do vulcão?

A trilha do Monte Rinjani até a cratera do vulcão é considerada uma das mais difíceis na Indonésia, estando a 3.726 metros do nível do mar e sendo o segundo mais alto do país.

A vista de cima do vulcão é uma das principais atrações do Parque Nacional do Monte Rinjani, área preservada de 41 mil hectares. A caldeira, com mais de 50 quilômetros quadrados, guarda o lago Segara Anak, uma fonte termal natural.

O local, na ilha de Lombok, é marcado por neblina, pontos escorregadios nas pedras e baixas temperaturas.

Normalmente, a escalada até o entorno da cratera dura dois dias e uma noite — trajeto que seria feito pela brasileira.

Ventos fortes atrasam operações de resgate

Os trabalhos de resgate foram suspensos temporariamente nesse domingo, 22, devido a ventos fortes e instabilidade climática.

A operação de resgate, que depende do uso de helicópteros e cordas, tem enfrentado dificuldades por conta da topografia e do risco de novas quedas na área do acidente.

Já são mais de 60 horas desde o acidente sem que a brasileira tenha sido encontrada, o que aumenta a apreensão da família e de autoridades brasileiras.

As buscas envolvem bombeiros, equipes de montanhismo e unidades locais de resgate, mas até agora não houve sucesso na localização de Juliana.

Desaparecimento de brasileira: família contesta versão oficial e cobra agilidade

A situação tem gerado tensões entre os familiares da jovem e a embaixada do Brasil na Indonésia. A Gazeta Brasil revelou que a família acusa representantes diplomáticos de manipular vídeos do suposto local do acidente e de não fornecer informações claras sobre o andamento do resgate.

A irmã de Juliana, em vídeos divulgados nas redes sociais, chegou a afirmar que os materiais enviados “não condizem com a realidade” e que estão “forjando informações para encerrar o caso”.

O Jornal da Fronteira também repercutiu o posicionamento da família, destacando o relato da irmã, que está em contato direto com os serviços locais e diz não confiar na atuação da embaixada brasileira em Jacarta.

Segundo ela, a família considera contratar uma equipe particular de busca, caso a situação não evolua nas próximas horas.

Desaparecimento de brasileira: autoridades brasileiras cobram respostas

O caso já chegou às autoridades do Brasil. Conforme o Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, o governo brasileiro iniciou “contatos de alto nível com o governo indonésio com o objetivo de pedir reforços no trabalho de buscas na cratera”.

A pasta informou ainda, em nota publicada na noite de domingo, ter enviado dois funcionários da embaixada do Brasil em Jacarta para “acompanhar pessoalmente os esforços pelo resgate, que foi dificultado, no dia de ontem, por condições meteorológicas e de visibilidade adversas”.

O prefeito de Niterói, Axel Grael, cobrou por mais agilidade no resgate e reforçou que está em contato com o Itamaraty para acompanhar a situação de perto.

Segundo o jornal O São Gonçalo, a Prefeitura ofereceu apoio logístico e psicológico à família da jovem e busca pressionar os canais diplomáticos brasileiros para ampliar a cooperação com a Indonésia. (Com Caynã Marques e Agência Brasil)