Ônibus 174: relembre sequestro que vitimou cearense no RJ em 2000

Sequestro no ônibus que fazia o trajeto Rio-Niterói, aconteceu em 12 de junho de 2000 e 11 passageiros foram feitos reféns por Sandro Nascimento de 21 anos

21:04 | Mar. 12, 2024

Por: Wilnan Custódio
A professora Geísa morreu durante o sequestro (foto: Reprodução)

O sequestro de um ônibus na rodoviária nesta terça-feira 12, traz à memória outros episódios de crimes em coletivos que marcaram a cidade do Rio de Janeiro. Um dos casos foi o sequestro do ônibus 174, em 12 de junho de 2000, onde uma jovem cearense acabou morta.

Na ocasião, 11 pessoas foram feitas reféns pelo sequestrador, que utilizou um revólver calibre 38 para cometer o crime. O sequestro se iniciou por volta das 14h20min daquela segunda-feira, e às 18h50mim, o criminoso saiu do veículo usando a cearense Geísa Firmo Gonçalves, de apenas 20 anos, como refém.

A mulher foi morta com quatro tiros, um de um agente da polícia, e outros três do sequestrador Sandro do Nascimento, que viria a ser assassinado na viatura onde foi recolhido após a ação.

No dia seguinte ao crime, ainda se sabia muito pouco sobre Geísa, que foi primeiramente apresentada como empregada doméstica que morava na favela da Rocinha.

Na quarta-feira, dia 14 de junho de 2000, O POVO publicou que ela era na verdade uma professora de artesanato que havia sido contratada para trabalhar em um Centro Comunitário da favela carioca. Ela havia saído de Fortaleza para o Rio de Janeiro, com o marido, em busca de oportunidades. Na época, familiares contaram que eles estavam felizes e não pretendiam retornar ao Ceará.

Assim como grande parte da população, a família da professora ficou sabendo do fato através da televisão. Eles acompanharam o noticiário até que uma pessoa identificou a jovem. Chegaram até mesmo a gravar a cena por segurança, para assistirem depois, até que receberam a confirmação pelo marido da vítima.

Gilson Gonçalves, pai da jovem, soube da notícia pelo jornal no dia 13. Tentou ir para o Rio de Janeiro reconhecer o corpo da filha, porém a família delegou a missão para Elisângela, irmã de Geísa. No mesmo dia, ela retornou a Fortaleza com o corpo da jovem.

Despreparo policial ocasionou a morte de Geisa

Capa do O POVO do dia 14 de junho de 2000 trazia em destaque a intenção da família de processar o governo carioca, buscando ainda a exoneração do comandante da Polícia Militar estadual do Rio, coronel Sérgio da Cruz, pelo então governador Anthony Garotinho. No dia anterior, houve o enterro da jovem professora, que reuniu quase 3 mil pessoas no bairro Bom Jardim.

O POVO chamava atenção para o despreparo dos agentes policiais durante a operação. Os agentes que deram entrevista cobravam uma reflexão, lembrando que a polícia cearense à época não teria preparo para reagir adequadamente a este tipo de situação.

O destino do sequestrador Sandro do Nascimento

Sandro do Nascimento, foi morto por asfixia dentro da viatura da PM do Rio, após quase ser linchado pela população , que assistia ao desenrolar do sequestro do ônibus 174. Ele tinha 22 anos, e foi sobrevivente do massacre da Candelária — que aconteceu na noite de 23 de julho de 1993 no Centro do Rio de Janeiro, deixando oito jovens mortos.

Após as investigações concluírem a causa do óbito do suspeito, os policiais envolvidos alegaram que a morte de Sandro na viatura foi acidental.