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Eliminação de fungos e toxinas da castanha do Pará pode reduzir embargos ao produto

A castanha-do-brasil costuma ser contaminada pelo fungo aspergillus flavus, micro-organismo responsável pela produção de micotoxinas que se fixam na superfície dessa semente e, em elevadas concentrações, podem oferecer risco à saúde do consumidor

07:54 | 29/05/2012
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Os embargos praticados pela União Europeia contra a castanha-do-brasil, mais conhecida como castanha do Pará, devido à presença de fungos produtores de substâncias tóxicas (micotoxinas), têm chances de serem reduzidos em breve. É o que mostra a tese de doutorado do engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Otniel Freitas-Silva, na Universidade do Minho, em Portugal, e que se baseia no uso do ozônio.

A castanha-do-brasil costuma ser contaminada pelo fungo aspergillus flavus, micro-organismo responsável pela produção de micotoxinas que se fixam na superfície dessa semente e, em elevadas concentrações, podem oferecer risco à saúde do consumidor.

Freitas-Silva disse à Agência Brasil que o ozônio é um oxidante natural que já vem sendo utilizado no tratamento de águas residuais de efluentes. De custo baixo, já que apenas o oxigênio entra na sua produção, o ozônio poderia ser usado para a descontaminação das castanhas. “Tem que ser um processo que não agrida o meio ambiente, que seja compatível com um produto orgânico como a castanha, tem que ter um certificado de segurança desse produto. Então, a gente vislumbrou o uso do ozônio para fazer esses testes”.

Testes pilotos feitos em Portugal mostraram a eficácia do processo de lavagem da castanha para diminuir a contaminação superficial. O ozônio aumenta também a segurança do produto, uma vez que tem efeito contra algumas bactérias associadas à falta de cuidados no manuseio, na pós-colheita da castanha.

A ideia, segundo o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, é instalar o projeto, por meio de parceria, em uma usina de beneficiamento da castanha em uma cooperativa da Região Norte brasileira, “possivelmente no Acre”. Freitas-Silva esclareceu que as negociações ainda não foram fechadas.

Ele acredita que o uso do ozônio na etapa de lavagem do produto, além de proteger a castanha da contaminação por micotoxinas, dará maior qualidade ao produto. “Só isso já é um ganho bastante acentuado”. O trabalho vai avaliar também os impactos do processo no sistema produtivo. Freitas-Silva admitiu que o ozônio pode reduzir custos e aumentar as vendas de castanha do Pará.

Haverá, de início, um custo adicional pela introdução de uma metodologia nova mas, depois que o sistema for implantado, o pesquisador acha que a tendência, a partir do aumento da qualidade, é diminuir os custos.

A meta é estender o projeto a todas as cooperativas de castanha. “É divulgar esse processo, para que haja interesse, porque você não incorpora nenhum produto químico à castanha, utiliza apenas oxigênio para produzir ozônio e é um processo relativamente barato”.

Otniel Freitas-Silva tem mestrado em proteção de plantas e doutorado em engenharia química e biológica.

 

Agência Brasil

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