Dirigentes do Pacajus são multados e obrigados a pedir desculpas após caso de ofensas a árbitra

Cristiano e Everton Cortez, envolvidos em caso de agressões verbais durante jogo contra o Cariri, também terão que se retratar publicamente após condenação no Juizado Especial Cível de Pacajus

14:08 | Ago. 24, 2025

Por: Wanderson Trindade
Ingride Santos expressou sua sensação de justiça, comentando que, emocionalmente, está bem e que o ocorrido não diminui sua competência como profissional (foto: Wanderllene Fotógrafa / Instagram)

Em uma decisão recente, o Juizado Especial Cível de Pacajus condenou os dirigentes do Pacajus, Cristiano e Everton Cortez, a pagar uma indenização de R$ 5 mil cada, além de realizar uma retratação pública em suas redes sociais, por ofensas verbais proferidas contra a árbitra Ingride Santos durante a partida da Série B do Campeonato Cearense, em março de 2024. A agressão ocorreu na partida entre o Pacajus e o Cariri, que terminou com a derrota do time por 2 a 1, resultando no rebaixamento da equipe.

O caso ganhou ampla repercussão devido à gravidade das ofensas, que incluíram ataques machistas e homofóbicos, além de uma perseguição verbal à equipe de arbitragem após o fim do jogo. A súmula do árbitro da partida, Natanael Freitas de Sá, registra que Everton Cortez proferiu insultos direcionados à quarta árbitra Ingride Santos, como "Você deveria estar atrás de um fogão" e "Serve nem para levantar a placa de substituição".

Everton também usou termos homofóbicos, como "baitola", contra os árbitros, gerando um ambiente de hostilidade. Ao término da partida, a equipe de arbitragem teve que ser escoltada pela polícia para garantir sua segurança, após o dirigente invadir o campo e continuar com os ataques verbais.

Além das punições esportivas, que incluíram multa e suspensão, os dirigentes foram processados na justiça comum, onde a decisão judicial ratificou que as agressões configuraram um claro dano moral, especialmente pela natureza discriminatória das ofensas. O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará afirmou que a punição no âmbito desportivo não impede a responsabilização civil, mantendo a condenação à indenização e à retratação pública.

Ao Esportes O POVO, Ingride Santos expressou sua sensação de justiça e o impacto emocional do ocorrido. Ela afirmou que, apesar das dificuldades, sempre soube que sua trajetória no futebol não seria fácil. "Quando entrei no meio futebolístico, já sabia que não seria fácil, haveria barreiras, e sempre tive em mente quebrar uma por uma, com mérito e muito trabalho", disse.

A árbitra destacou a importância de sua família como base para sua força: "Venho de uma família onde a essência é primordial, nunca esquecendo de onde venho e de onde sou."

Ingrid ressaltou que, emocionalmente, está bem e que o caso não diminui sua competência como profissional. "O ocorrido não anula a profissional que sou. Isso só fez fortalecer ainda mais minha trajetória. Com a postura e autenticidade que tenho, busco abrir caminhos para outras mulheres que possam estar em um meio onde a maioria é dominada por homens", completou.

Ela também comentou sobre a luta das mulheres no esporte e a importância de seguir em busca dos objetivos com firmeza.

"Nos mulheres estamos conquistando espaços, pouco a pouco essa barreira vem sendo quebrada. O importante é seguirmos em busca dos nossos objetivos de forma correta e firme. Porque ser mulher não é sinônimo de fraqueza", afirmou Ingrid. Para ela, a força vem de sua família, que sempre a ensinou a ser resiliente e autêntica. "Sou grata à minha família que me ensinou a ser forte. Eles são minha referência de força e essência."