Coronavírus em Fortaleza: primeiro dia de uso obrigatório de máscaras tem aglomerações perto de lojas e avenidas movimentadas

Governo do Ceará e Prefeitura de Fortaleza anunciaram medidas mais rígidas para enfrentar a Covid-19. Estado já totaliza mais de 12 mil confirmações pela doença e mais de 800 mortes

16:02 | Mai. 06, 2020

COMÉRCIO não essencial burla decreto e funciona com portas semi-abertas no Centro (foto: Fabio Lima)

A manhã após o anúncio de enrijecimento do isolamento social foi de intenso movimento em Fortaleza. O decreto que obriga o uso de máscaras a todos os cearenses que precisarem sair de casa parece estar surtindo efeito, o item está nos rostos da maioria das pessoas. Entretanto, os números crescentes da Covid-19 e as novas regras que passam a valer na sexta-feira, 8, não frearam os fortalezenses. O POVO esteve nas proximidades de agências bancárias, pelas principais avenidas da Capital e na área de comércio no Centro.

As aglomerações, que se tornam proibidas e passíveis de penalização, acontecem nas filas para acessar agências bancárias e em frente a lojas que funcionam de portas fechadas no Centro. Mesmo com a proibição para o comércio não essencial desde 19 de março, diversos estabelecimentos — das lojas de eletrônicos às de artefato religiosos — atendem os clientes que batem à porta. Outros locais funcionam no sistema de drive-thru e geram filas nas calçadas. Em uma delas está a esteticista Edilsa Reis, 34, que foi acompanhar a irmã na compra de um celular.

Para ela, as medidas postas pelos novos decretos “chegam atrasadas”. “Está sendo decidido agora o que era para ter começado desde o início do ano, mas tem que fazer, né?”, opina. “Está me deixando doida essa história de não poder sair de casa. Quem tem a vida muito corrida como eu tinha, é muito complicado. Dá logo uma depressão, uma ansiedade, uma vontade de comer tudo”, completa.

Perto dali estava uma idosa de 78 anos que não quis se identificar, mas afirmou que precisou ir à rua Pedro Pereira para sacar a aposentadoria. “Todo mês preciso vir, mas agora essa ordem aí a gente tem que obedecer”, relata se referindo às medidas contra o coronavírus. “Tem morrido muita gente. É uma coisa fora do comum”, lamenta. Por volta das 11 horas, a fila para entrar na agência do Bradesco já virava duas esquinas.

Nas ruas centrais, carros, motos e ônibus se engarrafavam em um cenário que em quase nada difere do cotidiano antes da pandemia. O fluxo também é grande nas avenidas da Capital. Entre as 9 horas e o meio-dia, O POVO circulou por algumas delas, como Oliveira Paiva, Paulino Rocha, Silas Munguba e Senador Fernandes Távora. Em todas, cerca de 20 automóveis podiam ser contados diante de um semáforo fechado.

A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), está identificando aglomerações e outros descumprimentos do isolamento social. Denúncias podem ser realizadas por meio da Central 156 e via Ciops, pelo 190. Detalhes do protocolo de atuação que visa garantir o cumprimento das novas medidas e ampliar a segurança sanitária serão divulgados na quinta-feira, 7.

Até o início da tarde desta quarta-feira, 6, o Ceará chega ao registro de 12.263 casos e 839 mortes por Covid-19. Os números foram atualizados na plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), às 14h10min. São 793 casos e 35 mortes a mais que o registrado no fim da tarde de ontem.

Jornalistas analisam ações dos governos do Ceará e do Brasil

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