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Editorial: Prisão de Queiroz: Nação quer esclarecimentos

01:30 | Jun. 19, 2020
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Tipo Opinião

"Cadê o Queiroz?" - a pergunta que vinha atanazando o clã Bolsonaro desde a estreia de seu chefe, Jair Bolsonaro, na Presidência da República, foi respondida, nesta quinta-feira, com sua prisão, em Atibaia, interior de São Paulo, onde ele se escondia no sítio do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República, se tornou alvo de uma investigação, em 2018, sobre um esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Nele, funcionários de Flávio, então deputado estadual, devolviam parte do salário que era recolhida por Queiroz. O dinheiro seria "lavado" na compra de imóveis e outros investimentos - segundo a investigação. A soma detectada teria chegado a R$ 2 milhões, em 483 depósitos de assessores.

A prisão de Queiroz foi pedida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e justificada pelo fato de o investigado fugir e continuar cometendo crimes, bem como, de interferir na coleta de provas. Segundo o depoimento do caseiro do sítio, ele estava refugiado lá há cerca de um ano. O advogado, dono do imóvel, já tinha afirmado antes que não sabia do paradeiro do ex-assessor e não fora contratado para sua defesa. Pelo visto, seu misterioso "desaparecimento", que causou suspense no País inteiro, só durou tanto por ter proteção poderosa. Há quem considere isso um crime de "ocultação de testemunha". O advogado é frequentador do Planalto e esteve na posse do novo ministro das Comunicações, na última quarta-feira.

Esse é um caso emblemático e rumoroso (embora não seja o único) que vinha desgastando a imagem do sistema de justiça e do governo. E chegou a se aproximar perigosamente do círculo íntimo do poder, ao ser detectado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, por Fabrício Queiroz, e explicado pelo presidente da República como sendo parte da devolução de um suposto empréstimo de R$ 40 mil que ele teria feito ao assessor do filho.

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Todo esse conjunto de indícios formam um quadro complicado que dificilmente poderia ser atribuído à "maledicência" ou a "má-vontade" de críticos "empedernidos" contra a figura do chefe do governo e de sua conturbada família, por qualquer ângulo que seja.

Os Bolsonaro têm a obrigação de esclarecer todos esses fatos, pois esse é o ritual exigido pelo Estado Democrático de Direito, a qual todos estão subordinados, a começar por quem detém o múnus de autoridade pública. A tranquilidade do País exige que essa e todas as demais pendências investigativas que pesam sobre o clã presidencial e sobre o próprio governo, sejam dirimidas o quanto antes, para a Nação poder respirar em paz. 

 

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