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Editorial: Santa Dulce dos Pobres: rogai por nós

01:30 | Out. 13, 2019
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Tipo Opinião

Neste domingo, para milhões de católicos brasileiros e pessoas humanitárias, em geral, chega ao fim uma expectativa de ansiosos 27 anos: a canonização da Irmã Dulce, "o Anjo Bom da Bahia". Trata-se de uma religiosa cuja fama de santidade já era uma unanimidade entre seus contemporâneos, e cuja dedicação aos pobres, em Salvador, Bahia, chegou aos extremos do heroísmo cristão, traduzido em amor e compaixão infinda pelo ser humano fragilizado, num grau tão elevado que sacudiu os estreitos limites do catolicismo devocional, conformista e burocrático do seu entorno. Uma espécie de Santa Teresa de Calcutá latino-americana.

Dulce vivia uma espiritualidade encarnada, unindo mística espiritual profunda com amor prático e concreto ao outro. Dessa junção surgiria um dos maiores complexos de saúde do Brasil, que atende atualmente cerca de 12 mil pessoas por mês, gratuitamente, pelo SUS - o Hospital Santo Antônio, cujo embrião surgiu em um galinheiro do convento, onde ela abrigou doentes abandonados na rua. Durante muito tempo o sustento da obra dependia apenas da caridade de benfeitores e da energia milagrosa, provinda do amor incondicional da humilde freirinha, de saúde frágil, que mal respirava pelos dois comprometidos pulmões, e que dormia sentada numa cadeira de braços.

Durante a primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980, ele parou em Salvador. A irmã Dulce, apesar de enferma, fez questão de comparecer à missa campal. Uma multidão a aplaudiu fragorosamente, com o mesmo entusiasmo devotado ao pontífice. Levaria 11 anos para que os dois futuros santos se reencontrassem. Era mais uma visita do papa polonês, mas desta vez para confortá-la em seu leito de morte. Ele sabia que testemunhava o preâmbulo da partida de uma gigante espiritual que se escondia sob a capa de uma humildade pungente, cuja refulgência oculta não passava despercebida até mesmo por quem tinha sentidos espirituais embotados, como os filhos deste mundo.

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São João Paulo II a precederia nos altares, não no céu, onde (na visão da fé) ela já se encontrava (diz-se que nessa dimensão não existe tempo) já na condição de "Santa Dulce dos Pobres", o nome pelo qual o mundo a conhecerá a partir de hoje. Que ela se debruce sobre o Brasil e o ajude a reencontrar a paz e a esperança, afugentando o ódio que o atormenta nestes tempos obscuros. 

 

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